Se andar a fazer muita falta algo verdadeiramente triunfante nos nossos Verões, não vale a pena procurar algo novo. Até porque não há muita novidade de jeito que se resgate por aí nesse campo, mas deixemos esses cinismos de parte, que ao falar-se de HammerFall, independentemente da cara séria com que se relatam estas batalhas mitológicas, tem que haver boa disposição e alegria. Especialmente ao já sabermos o que a casa gasta. E ainda por cima uma banda tão fiável, que nunca gosta de nos deixar à espera.

Olhando a um título como “Avenge the Fallen,” a uma capa como a que se vê, ali com a omnipresença do velho Hector, e a títulos como “Hail to the King,” “Hero to All,” “Hope Springs Eternal” ou “Rise of Evil,” até parece que foi pedido a uma inteligência artificial para criar um álbum de power metal Europeu bem à maneira. Mas agora a defesa destes veteranos. Essa tal I.A. precisaria de alguma referência e a maior delas bem podiam ser aqui os HammerFall. Que acrescentam alma a este bem típico “Avenge the Fallen,” aquilo que é necessário para o tornar humano. Fácil para um grupo que até pode ser visto como a alma do power metal Sueco a rebentar ali durante o virar do milénio.

Podia ser power metal pintado por números, não oferecessem eles o manual com as instruções a seguir, e até lhes estamos agradecidos por não se deixarem encher em auto-indulgências, velocidade desenfreada ou excesso de sintetizadores, mantendo a inspiração no heavy tradicional, com muito refrão eficaz de passar o microfone às multidões como na faixa-título ou em “Hail to the King,” e aquela melancolia progressiva que destaca a conclusiva “Time Immemorial.” Já é de louvar que estes cinquentões ainda não tenham abrandado e versos como “Feed the hand of Jesus Christ, dance with Lucifer / Ask yourself the question why, or be the crucifer” ou “I dial the number 666, but no reply / I knock on Heaven’s door before I say goodbye” até podiam ser feitos por muitos, mas poucos se safariam como os HammerFall, ainda contornando uma crise de meia-idade mantendo-se iguais a si próprios. Que assim se mantenha e, sem problemas de calvície, que continuem a trazer muito vento para cabeleiras esvoaçantes.