Hypocrisy

Worship
2021 | Nuclear Blast | Death metal melódico

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Peter Tägtgren é um homem ocupado. Administra a sua carreira de produtor com a de músico principal e/ou único em várias bandas. Saiu de um divertidíssimo projecto com Till Lindemann e os Pain também devem ter qualquer coisa no forno para sair. E o que a malta quer é uma boa castanhada dos Hypocrisy, quando já lá vão oito anos desde o meio-gás de “End of Disclosure” e uma dúzia deles desde o bem mais autêntico petardo que foi “A Taste of Extreme Divinity.” Calha que também é, actualmente, um homem muito nervoso e aproveitou a sua mais lendária banda para destilar cólera. “Worship” recupera um peso e veneno que andava a fazer falta em qualquer registo do músico Sueco.

O elefante na sala a ser reconhecido são as letras. Já bem sabido que Tägtgren sempre teve um fascínio por teorias da conspiração e nunca perderá a sua paixão pela vida alienígena, mas em “Worship” estende os temas para outros tipos de paranóia, ataques a governos e farmacêuticas e o timing não pode ser coincidente. Mesmo que não seja direccionado a algo contemporâneo específico, muitos podem já ficar de sobrolho erguido. Mas separemo-nos disso. Há muito bom riff a acompanhar qual quer que seja a mensagem ou conceito fictício que decore este “Worship.” E é impossível não os destacar, são os protagonistas destas canções, com uma pujança que andava a faltar em “End of Disclosure” que, mesmo sem erros flagrantes, faltava-lhe impacto. Recuperado em “Worship” e com uma lição de como fazer death metal melódico a lembrar que “death metal” ainda faz parte da equação.

Há brutalidade em prol do peso dos temas, sem deixar a parte melódica para trás. Detectamos sempre um refrão, que são boas notícias para quem ainda tem as clássicas plantadas no ouvido e ainda cantarola (aos berros) a “Weed Out the Weak.” Pode ser feita com a imediatez de “Chemical Whore,” o riff musculado de “Greedy Bastards,” ou a berraria desenfreada da diferente “Dead World.” Mas é impossível não destacar quando recorrem à lentidão para aumentar o peso, quando nos arrastam consigo. “Brotherhood of the Serpent” ou “Bug in the Net” servem de exemplo para essa faceta dos Hypocrisy que acrescenta uma outra dimensão de interesse sobre este “Worship” que, muito bem conseguido, ainda não recria clássicos ou consegue um conjunto de temas igualmente memoráveis. Algures entre o “End of Disclosure” e “A Taste of Extreme Divnity,” não vai para o topo do seu ranking, mas talvez seja o melhor que esperemos deles actualmente, o melhor que Tägtgren tenha em si actualmente e do melhor que ainda se pode criar de um género já saturado como é este death metal injectado de melodia. Mas haja sempre tanto death metal como aqui!

Músicas em destaque:

Dead World, Brotherhood of the Serpent, Bug in the Net

És capaz de gostar também de:

At the Gates, Dark Tranquility, Bloodbath


sobre o autor

Christopher Monteiro

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