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A gente veio para isto cheia de curiosidade. Matt Heafy, dos Trivium, “casa” com Ihsahn para um projecto mais baseado no black metal. Dois músicos altamente respeitados mas ainda de mundos muito diferentes para questionarmos o quão bem aceites são no mundo um do outro. Vem carregadinho de gimmick. A chamar-se Ibaraki, Heafy abraça as suas origens e baseia o conceito no folclore Japonês. E então mandam aquele single com participação do Gerard Way, esse mesmo que anda aí a trazer os seus My Chemical Romance de volta ao nosso quotidiano, numa berraria desalmada de quem troca o eyeliner pela corpse paint, e então aí é que acrescentamos estarrecimento à curiosidade.
“Rashomon” é um bom exercício contra cínicos. Isso de vir o tipo dos Trivium fazer black metal é suficiente para causar tremores a uns quantos de cara cerrada, mas impõe-se. E justifica-se, Heafy não declarou a sua admiração pelo género ontem e até já brinca a isso desde antes dos Trivium. “Rashomon” acaba por ser um álbum com tanta diversão e descontracção quanto ambição. Até o ouvido mais céptico, que à primeira pode achar que a coisa está pintadinha por números e que o Heafy simplesmente andou a ouvir muitos discos dos Dimmu Borgir e até dos Opeth, especialmente os dois primeiros, – e Emperor será sempre a referência mais óbvia, com o próprio Ihsahn lá – para uma obra que soe aos Trivium mais malignos… Até esse vai reconhecer os méritos de “Rashomon” como um álbum surpreendente, que mostra o ecletismo do músico Japonês-Americano e Ihsahn no seu elemento, tanto em modo throwback como trazendo das suas melhores influências modernas.
Não é uma mera bajulação a um público novo. E logo um tão difícil de agradar. E também não é para alienar os fãs de Trivium – que ainda há aqui suficiente “core” na receita para Heafy também estar confortável com um velho hábito. Ibaraki é para ser o seu próprio demónio, quer “Rashomon” tenha um seguimento ou não. Comprova-se pelas ambiciosas composições progressivas, execução exímia de malhas ricas em peso e atmosfera, fusão de polos tão contrastantes sem ser apenas uma colagem. Também o pede com as suas arestas por limar como alguma repetição, especialmente em algumas melodias cantadas por Heafy e no uso estranho e inexplicável de samples sonoras do Super Mario, como a abrir “Tamashii No Hukai.” Uma agradável surpresa, com um músico respeitado da música pesada mais juvenil a aliar-se a um dos maiores génios da música extrema contemporânea, com espaços para mais boas participações convidadas, como a de Nergal e voltamos a reforçar o nosso pasmo com a de Gerard Way, que por aqui, ainda estamos de pé a aplaudir a sua prestação. Um álbum rico, para aquilo que podia ser só uma novelty e uma brincadeira de Heafy com uns amigos improváveis. Se calhar só faltava mesmo o Toy.
Kagutsuchi, Akumu, Ronin
Emperor, Ihsahn, Enslaved