//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Já são 75 anos de vida. Uma catrafada deles também, de carreira. Muita influência em toda a música que tenha qualquer espécie de edge. E é vê-lo ainda aí, a gravar e a saltar em palco, dispensando ainda uma camisa e a impressionar quem não lhe encontra aqueles tais anos todos na sua energia em palco. “Every Loser” não se deverá referir aqui ao Avô Iggy, com certeza, que abre 2023 com um novo disco que dispersa qualquer ideia deixada pelo calminho álbum anterior. Afinal não está nada cansado com a idade.
Mesmo para alguém sem algo a provar, há caminhos perigosos a tomar. Um septuagenário a manter a língua afiada com bocas infantis e a discutir punks modernos, crise climática, a indústria musical e até a toxicidade das redes sociais podia muito facilmente tornar-se patético. Mas Iggy Pop sabe como fazê-lo e sendo sempre ainda a irreverência em pessoa. Com a banda que trata carinhosamente por “The Losers,” constituída pelos omnipresentes Chad Smith e Duff McKagan, a juntar ao Chili Pepper temporário mais novo Josh Klinghoffer e ao produtor Andrew Watt, habitual pela música pop mas que também já trata o rock por tu, Iggy Pop também se abre a outros convidados para celebrar a sua própria carreira. Stone Gossard, Travis Barker, que vai para onde o chamarem, assinaturas de Dave Navarro, Eric Avery e Chris Chaney sem tornar isto uma espécie de “Jane’s Addiction featuring Iggy Pop” e, sempre a causar-nos aqui o nó a meio da goela, mais gravações de bateria e piano por parte de Taylor Hawkins em “Comments.” E em quem está o foco? Em Iggy, pai ou tio destes todos, claro está. Já teve todos os altos e baixos que uma carreira pode ter para olhar para trás e poder tirar lições daí.
Este introspectivo Iggy nunca teve medo do ridículo, quer seja nas suas letras mais parvas, que vêm acompanhadas de esgar e até mesmo risos, ou quando se diverte a carregar R’s em “Modern Day Ripoff,” onde soa a Alice Cooper. Mas também não tem medo do sério quando reflecte sobre o seu pesado passado de excessos. Feliz por ainda cá estar, mas parece querer dar-nos uma sova com este álbum, como assim o vendia. Dava-nos a entender que seria o seu registo mais punk, aí desde os Stooges. Tem desse peso cru em “Frenzy,” “Modern Day Ripoff” ou “Neo Punk,” sim, mas também é capaz de revisitar a new wave dos tempos do “Blah-Blah-Blah” – “Strung Out Johnny” ou “Comments” como exemplos – e até a serenidade do anterior “Free” como na sulista “New Atlantis” ou na baladeira “Morning Show.” Um álbum breve mas variado. Simples e cru, mas com os cuidados de um veterano que já fez de tudo. Nada de novo, mas também nada de velho. Muito Iggy Pop, isso sim.
Frenzy, Modern Day Ripoff, Comments
The Stooges, Alice Cooper