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Comentar alguma coisa nova de um ícone que já leva quase 60 (!) anos de carreira, é tarefa algo ingrata. Que terá alguém que será possivelmente a força mais influente de todo o punk a provar hoje em dia? Ainda por cima com um disco intitulado “Free” que é o que Iggy Pop é e sempre foi?
Apesar do adequado título, “Free” não pretende ser apenas um álbum livre, mas também um álbum libertador. Foi essa a verdadeira intenção de Pop, apenas deixar um disco acontecer, como resposta à exaustão da vida de estrada que foi a suportar o seu mais arockalhado mas também artístico e experimental “Post Pop Depression.” “Free” é a antítese desse disco e para muitos até será a antítese do próprio Iggy Pop. Sim, ele é um pioneiro da loucura em palco, da rudeza punk e recusa-se a vestir uma camisa ainda. Mas também já é um septuagenário. Deixemos o homem fazer o seu reflectivo álbum repleto de jazz, lounge e spoken word!
Uma escolha muito surpreendente e um minimalismo ilusório quando Iggy Pop ainda se volta para muitas direcções neste disco. Predomina um tom obscuro e partilha de protagonismo com o trompetista Leron Thomas para um registo jazzístico de pub fumarenta. Mas ainda rocka, ainda olha para o passado, como na visita à new wave da década de 80 de quando era uma “real wild child,” em “James Bond” ou “Sonali.” No meio do jazz, existem guitarras ambientais que remontem a uma veia indie ou shoegaze da década de 90 – essa parte fica a cargo da jovem Noveller – e uns mantos electrónicos. Tanto recita poesia de Lou Reed em “We Are the People” como manda uns versos como “Just because I like big tits/ Doesn’t mean I like big dicks” em “Dirty Sanchez.” Até na sua voz há contrastes, mesmo optando maioritariamente pelo seu tom grave, passa muito pelo spoken word, solta uma gritaria juvenil à Johnny Rotten em “Dirty Sanchez,” deixa sempre sair um pouco de Johnny Cash e o seu vibrato em “Page” rouba o show. A descrever tanta coisa parece que o raio do disco acaba por ser mais exaustivo que a ideia que vendia. Mas, nos seus breves 33 minutos, é mesmo o seu disco de descanso e reflexão, em que até se deixa fugir para segundo plano no seu próprio disco. A surpresa aos fãs é garantida, as reacções é que serão mistas. Mas pode fazê-lo, é bem conseguido, é capaz de ser a coisa mais punk que podia fazer agora e nada aqui nos garante que não esteja a partir tudo outra vez num próximo disco.
James Bond, Glow in the Dark, Page
Iggy Pop… Mas talvez não o Iggy Pop a que estejam habituados