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O véu sobre o freak show que é Igorrr vai-se levantando e já não é um nome assim tão escondido nos recônditos da música mais frita e difícil de explicar. O que raio se passa na cabeça do Francês Gautier Serre, mentor deste projecto, permanecerá sempre bem tapadinho e se calhar é melhor assim. Ficamos pelos resultados da sua mente não-conformista e um novo “Spirituality and Distortion” para nos distrairmos a tentar decifrar tudo o que se passa por aqui.
É divertido, antes de conhecer o projecto, ler a quantidade de géneros tão díspares que ele já soube fundir e mais divertido ainda de ouvir. A procura da ponte que faz entre black metal, música barroca, death metal, música clássica oriental, grindcore, bluegrass, e sabe-se lá mais o quê, sempre unido e regado com rápidas batidas electrónicas de breakcore ou algum cão a ladrar, à partida, impressiona sempre. O que nos deixa resolver é onde está a linha do pretensiosismo. E Gautier bem deve brincar com ela, mas nunca a ultrapassa ou pisa sequer. O termo “canção” é muito desafiado sempre, mas não são colagens feitas à toa, com cuspe. O esquisito por ser esquisito. Toda a música, bizarra que seja, de Igorrr, tem pés e cabeça. Nem que seja um monstro com muitos pés e muitas cabeças, mas estão lá. São coisas que queremos ouvir outra vez e não é só para descobrir ali mais uma fracção de segundos em que se passou outra coisa que não tínhamos reparado. Queremos ouvir outra vez porque está cheio de malhas. Se a estreia “Nostril” soube como agarrar, ainda cresceu até chegar a “Spirituality and Distortion” onde parece haver mesmo alguma coordenação na composição e estruturação de um tema.
O ênfase nos breaks electrónicos dá mais espaço para riffs, tanto cheios de tremolo como se ouvíssemos uma banda de puro black metal ou abrindo logo com o de “Downgrade Desert” que podia constar num grande disco de death metal deste ano. A parte barroca que sempre foi uma das camadas mais densas das composições de Igorrr também dá lugar a uma exploração mais oriental, servindo-se de bastantes instrumentos clássicos de leste ao longo de todo o disco. O canto lírico continua brilhante e de se destacar mas neste álbum até há espaço para George “Corpsegrinder” Fisher, imediatamente reconhecível, mesmo com ocasional distorção e uma batida 8-bit a “estorvar.” Tentar descrever tudo o que se passa em “Spirituality and Distortion” é obsoleto – e se calhar o próprio título basta. Mas vale a pena ouvir, tentar decifrar e aguardar pelos próximos belos e impressionantes mutantes que saiam da cabeça deste Francês criativo.
Very Noise, Parpaing, Himalaya Massive Ritual
Se calhar avançamos esta parte