Ihsahn

Ihsahn
2024 | Candlelight Records | Metal progressivo, Black metal sinfónico

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Não vivemos de vagas promessas e das suas fracas concretizações. E nem sequer precisamos delas, ou do que possam prometer. Ihsahn é um homem honesto. Com um legado invejável como o seu, diz-nos, com sinceridade, que será necessário uma justificação muito grande e inevitável para editar algo novo dos Emperor. E está tudo bem, já gratos devemos estar nós pelas oportunidades de ainda os vermos em palco. Contudo, essa declaração parecia vir com uma adenda inesperada: o seu novo trabalho em nome próprio, auto-intitulado e tudo, deve ser a coisa mais Emperor que lança na sua tremenda discografia a solo.

Não é um sucessor do “Prometheus.” Nem tinha que o ser. Mas, após tantas experiências camaleónicas e capacidade de adaptar tanta coisa, desde o saxofone à electrónica, ao seu metal extremo, – não estamos tão certos se dá para lhe chamar totalmente black metal, mas estamos ainda menos importados com isso – volta às suas origens: o sinfónico. De lembrar que os Emperor foram dos primeiros a ousar trazer essa grandiosidade cinemática para esse tipo de música extrema que se queria crua e feia. E foi um tal parir clássicos dessa forma. E olhem que este “Ihsahn” é bem capaz de se candidatar a ser mais um. Não sendo Emperor chapado, antes comparando-se bem mais à distinta obra a solo do músico Norueguês. Mas talvez do mais extremo que o sentimos em anos, como denuncia um petardo épico como “Twice Born.

No meio desse peso todo, e da invasão sinfónica que o aprimora, lá se encontram muitas melodias e umas grandiosas vozes limpas como se detectam logo em “The Promethean Spark,” uma aposta segura já que Emperor, Dimmu Borgir, Arcturus e cenas do Vintersorg sempre tiveram fãs em comum. E lá faz aquela brincadeira de ser um álbum pesadão que também consegue ser extremamente melódico. A progressão da ilusoriamente baladeira “A Taste of the Ambrosia” antes de desembrulhar o caos é um bom resumo de “Ihsahn,” um estouro grandioso cujo interlúdio cinemático “Anima Extraneae” não corta a seguinte fanfarra apocalíptica que é a bem melódica “Blood Trails to Love.” Maravilhosamente orquestrado sem que isso se sobreponha ao resto. Uma maravilha que será ao que muitos quereriam que o “Eonian” dos Dimmu Borgir ou o “Veleno” dos Fleshgod Apocalypse soassem – e nada de errado com esses discos, muito pelo contrário. Um Ihsahn seguro de si e da sua genialidade. Existe também a versão totalmente orquestral, que funciona como mero complemento a uma experiência já gratificante. Uma obra-prima que obriga a revisitar todos os antecessores, só para medir a altura da fasquia. Para ver se não é mesmo o melhor desde o “After.”

Músicas em destaque:

Pilgrimage to Oblivion, Twice Born, At the Heart of All Things Broken

És capaz de gostar também de:

Emperor, Dimmu Borgir, Septicflesh


sobre o autor

Christopher Monteiro

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