In We Fall

Inner Self
2024 | Eclipse Records | Rock/metal alternativo, Pós-grunge

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Parece estratégico quando se singra num estilo que não tenha assim tanta concorrência. Mas é demasiado notável se a atenção só se dá por defeito. E se não há muitas bandas por cá que resgatem um rock metálico musculado com aragens pós-grunge, de revivalismo de umas duas décadas atrás, não é só por isso que “Inner Self” dos In We Fall se impõe no nosso panorama de peso. É mesmo porque têm mais argumentos fortes para isso.

Também fica bastante claro de que os In We Fall não estão a cumprir metas de alguém para conseguir determinada recompensa, seja airplay ou atenção comercial. Há uma genuinidade em “Inner Self” que comprova que os In We Fall fizeram o disco que queriam ouvir. E que talvez já não ouvissem há muito tempo. Pelo menos com esta profundidade, já que este estilo de canção melódica, de peso musculado a casar com o refrão açucarado, regado de power chords, muito facilmente se torna oco. Bem sabemos o quanto já saturou. Os In We Fall tomam esse desafio de mangas arregaçadas e dão ao disco uma profundidade necessária para agradar ao fã de rock pesado de banda sonora de videojogo de wrestling, mas não só. A produção é polida apenas o suficiente para tornar a música acessível sem lhe retirar a alma, a voz de Daniel Moreira é distinta e com personalidade e as canções também têm arranjos progressivos para ajudar a contornar o óbvio. Assim, o infame pós-grunge até seria capaz de se tornar cool outra vez.

Contudo, claro que também usam as influências na manga, é para reconhecer as referências e conseguir interesse daí. A parte melódica e melancólica lembrará Breaking Benjamin ou Crossfade, a tendência progressiva aproxima de actos como Hurt ou Chevelle, uma maior edge no peso aproxima de uns Godsmack ou Sevendust, canções como “Whole Again,” “Hope Is Gone” ou “Silent War” têm realmente algo de Creed e muito de Alter Bridge, e “What Now?” podia sair dos Silverchair já mais maduros. Um “quem é quem” de nostalgia de um estilo que não terá um revivalismo semelhante ao do nu metal, olhando à origem. Talvez se tente a partir de Trás-os-Montes, que é onde está promissor. Um disco de estreia, com um estilo que podia ser visto como juvenil, já a soar tão maduro, é obra.

Músicas em destaque:

Avoid, Looking Inside, Silent War

És capaz de gostar também de:

Alter Bridge, Breaking Benjamin, Ionized


sobre o autor

Christopher Monteiro

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