Inquisition

Veneration of Medieval Mysticism and Cosmological Violence
2024 | Agonia Records | Black metal

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Lá vem a velha questão e tem que se sujar as mãos a mexer em assuntos sensíveis. Quando músicos se tornam realmente problemáticos e se instala o desconforto de cada um em continuar a ouvir determinada banda sabendo as coisas em que um ou vários dos seus membros esteja envolvido. Nem são as politiquices “do costume” que existem na cena, e é uma situação com gravidade. “Veneration of Medieval Mysticism and Cosmological Violence” é um disco que encontrará, sem dúvida, a sua relutância em ser escutado por muitos.

Nem que seja para continuar a missão começada em “Black Mass for a Mass Grave” de encontrar algo convincente de que os Inquisition sejam realmente insubstituíveis para poderem ser apreciados, e se dá para excluir Dagon e os seus demónios do julgamento. Aí vale os Inquisition nunca terem sido genéricos. Vão além do básico “tremolo + blastbeats” e até têm mais força nos riffs, possivelmente por terem começado como uma banda de thrash. Tem muito que lembre uns Satyricon com menos groove e a voz é aquele já mítico tom monótono à Abbath, mas mais inconfundível, ainda mais aparentemente desleixado e desinteressado. Está tudo em “Veneration of Medieval Mysticism and Cosmological Violence,” um disco de concentração no costume, olhar para a frente e não se focar em defesas bacocas e achegas pouco subtis. Aí é que seria mesmo de se desligar logo.

O habitual está todo em “Veneration of Medieval Mysticism and Cosmological Violence,” assim como essa brincadeira toda dos títulos longos que, a este ponto, mesmo que não o pretendam, já é gimmick. Há tanto de violento como de melódico, – e alguns momentos únicos como “Primordial Philosophy and Pure Spirit” ou aquele bizarro registo limpo em “Secrets from the Wizard Forest of Forbidden Knowledge” – uns devaneios atmosféricos retirados de algum capítulo do manual Burzum, como em “Infinity Is the Aeon of Satan” e um estupendo trabalho de sintetizadores, que acaba por ser o surpreendente destaque aqui neste álbum, brilhando especialmente em “Memories Within an Empty Castle in Ruins” ou na conclusão. Claro que cada um reagirá como quiser e vai do conforto de cada um, mas “Veneration…” é disco de activa separação da arte do artista e que procura mesmo elevar-se além da mediania para justificar a sua existência pós-escândalo. Vamos remediando com isto sem as certezas de que Dagon tenha afinado.

Músicas em destaque:

Within an Empty Castle in Ruins, Primordial Philosophy and Pure Spirit, Light of My Dark Essence

És capaz de gostar também de:

Sargeist, Satyricon, Tsjuder


sobre o autor

Christopher Monteiro

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