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Como é absolutamente ridículo introduzir algo sobre os Iron Maiden apresentando-os, façamos-lo reiterando algo. Se é pretensioso afirmar logo que são a maior banda de heavy metal de todos os tempos e até pode ser algo hostil para quem não concorde totalmente, ou que até goste bem deles mas simplesmente dê essa medalha a outros, reconheçamos então outra coisa. Além de que cada novo disco é um acontecimento que faz parar o mundo dos amantes da música pesada, os Iron Maiden não põem travão à sua ambição, procura do enriquecimento e da inovação, ao trabalho árduo em trazer algo verdadeiramente novo. Sem reviver glórias passadas, sem aceitar que os seus clássicos já estão feitos, quando era tão fácil recorrer ao auto-plágio.
“Senjutsu” é mais um ambicioso épico após longa espera, mais uma remodelação do lendário Eddie, aqui transportado a um cenário oriental, mais um passo longo no trajecto destes Maiden modernos, ainda mais progressivos. Disco duplo e quase uma horinha e meia de música, a repetir o temor pelo excesso do anterior “The Book of Souls”. Receios que se dispersam a cada audição mais fluída que a anterior, a cada descoberta da heterogeneidade que realmente reside em “Senjutsu”. Podemos tomar essa introdutória faixa-título e a sua toada obscura e épica, como se saída de um mais tenebroso “Seventh Son of a Seventh Son” e a forma como transita para “Stratego” e a familiaridade do seu riff melódico e tradicional cavalgada ao ponto de se tornar aconchegante, como representação da variedade que se sente nesta entusiasmante viagem. O que podia ser Iron Maiden pintado por números, é um esforço em superar a exuberância de “The Book of Souls”, com uma energia quase juvenil de quem tenha ainda algo a provar.
A pinta com que deixam entrar blues em “The Writing on the Wall”, antes de se renderem à narrativa progressiva de “Lost in a Lost World”, que dá lugar à rockalhada mais directa de “Days of Future Past”. É um álbum cuidado, duplo não só pela necessidade de fazer caber isto tudo, mas também para uma divisão lógica, com o primeiro disco a servir daquilo que podia ser um álbum mais convencional e o segundo disco, devidamente introduzido pelo tom baladeiro de “Darkest Hour”, com aquelas complexidades e brincadeiras virtuosas que melhor caracterizem estes “proggy Maiden” modernos, seja com a narrativa histórica de “Death of the Celts”, o deboche instrumental de “The Parchment” ou o aparente esforço consciente em escrever a derradeira canção de Maiden no tremendo fecho que é “Hell on Earth”. Avançamos os nossos louvores à capacidade vocal de um Dickinson sexagenário pós-cancro, a capacidade de Steve Harris em escrever os três maiores épicos do álbum sozinho e a performance destes cavalheiros no geral, porque já lhes conhecemos bem o pedigree. Expressamos apenas a nossa satisfação, erguemos uns corninhos ao Eddie em agradecimento e rodamos “Senjutsu” mais uma vez, já que a “Dama de Ferro”, desde uma década de 90 mais magrinha, que já não sabe o que é desapontar. E, que se lixem os cuidados, são a maior banda de heavy metal de sempre!
The Writing on the Wall, The Parchment, Hell on Earth
… Iron Maiden