//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Ali no limite do pretensiosismo, para lá ou para cá da linha, dependerá a quem perguntem. Um excêntrico que se manifesta como um purista no que toca ao tratamento da música, com base nos blues e no puro e honesto. Faz mil e uma coisas com uma guitarra mas havia ali um tipo demasiado aventureiro para se ficar por aí e a sua expansão de horizontes alargou-se em “Boarding House Reach” de forma surpreendente. E nem a reinvenção desse disco nos preparou para o frenesim de “Fear of the Dawn.”
Como muitos outros músicos, também Jack White teve que batalhar com a sua própria inquietude em tempos pandémicos e já nos prometeu dois álbuns para este ano, com uma lógica divisão: o próximo será um disco calminho de folk. Este é o da rockalhada. Mas bem que o próximo terá que ser muito calminho para tratar devidamente a ressaca deixada por “Fear of the Dawn,” uma caótica explosão de experimentalismo esquizofrénico que parece realmente corresponder àquela excentricidade que associamos ao Jack White, a personalidade. Não se encontra aqui um tradicionalista nestas canções, – e acreditem que por vezes essa palavra é usada aqui de forma muito folegada – mas sim um experimentalista que tem loucos discos de música experimental entre os de blues. Porque há cá de tudo neste mar de fuzz que, por muito descontrolado que por vezes pareça, é inequivocamente assinado por White.
Mais do que andar com invenções cromáticas capilares, também expandiu o leque de “invenções” a trazer para “Fear of the Dawn” que, nalguma audição mais focada só nos riffs, até nos podia sugerir um olhar ao passado: muito do que aqui está é do mais ruidoso que edita desde os tempos dos White Stripes. Noutra audição atentamos à produção, noutra ficamos impressionados com a sua nova relação estabelecida com samples. Em todas as audições voltamos a pasmar com a quantidade de “ruídos” diferentes que White consegue fazer sozinho. “Fear of the Dawn” será o seu álbum mais cansativo, num bom sentido. Injusto dizer que será o mais criativo, sendo essa sempre uma característica do músico, mas certamente o mais experimental, “estranho” e menos convencional. E se a ideia era transmitir, a nível sonoro, a sensação da tal fobia pelo lusco-fusco, conceito que se estende por todo o disco, até que nem nos importaríamos se o Sol demorasse um pouquinho mais a nascer ou a por-se. Mas que venha de lá então o “Entering Heaven Alive,” para ver se a malta recupera um pouquinho o fôlego depois desta.
Taking Me Back, What’s the Trick, Morning Noon and Night
The White Stripes, The Raconteurs, The Dead Weather