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E afinal era mesmo um regresso para valer. Um pouquinho fajuto e forçado, vá, estes “Jethro Tull” podiam muito bem ser Ian Anderson a solo. Mas desde que cortou o interregno discográfico de quase vinte anos, em 2022, que já nos deu três álbuns de originais em quatro anos. Ou a inspiração é muita ou Ian quer lá saber.
“Curious Ruminant” é o terceiro desta trilogia de recepção morna, com muitos fãs a não encontrar os encantos dos clássicos nesta reencarnação. Enquanto ainda se insiste que, realmente, tudo isto podia ter sido lançado com o nome de Ian Anderson a solo, mas o nome Jethro Tull vende mais. Santo capricho. Mas ninguém conhecerá a identidade da banda melhor que o próprio e, mesmo que a rockada tenha estado sempre mais em stand-by, “Curious Ruminant” ainda consegue ser mesmo o mais folclórico dos três. Qual é aquela coisa muito engraçada que associamos sempre à banda? Exactamente, a flauta. Que nem é exclusiva deles. Aliás, a faixa-título, curiosamente das que mais recorre ao hard rock, tem um início que até lembra mais os injustiçados Harmonium do que Jethro Tull. Mas é muito da sua identidade e existe aqui a rodo, a acompanhar música maioritariamente – mas não exclusivamente – acústica. E não é para o bem e para o mal, que não há cá algum mal nisso.
É o mais inevitável destaque. A voz de Ian Anderson, a aproximar-se cada vez mais dos 80 anos, não vai ser a mesma que em tempos cantou que se sentia como um pato morto. E narra mais do que canta. Mas com aquela flauta é que canta que é uma categoria. “Curious Ruminant” não será um clássico dos Jethro Tull mas, com isso, é mesmo uma relíquia melódica, medieval e fantasiosa. Não é um mau caminho a seguir. Com o envelhecimento dos rockstars, há muitos caminhos a seguir. Umas vezes ficam todos políticos e não passam de uns velhos a gritar para as nuvens, noutras querem convencer que ainda são jovens. Ambas conseguem ser muito patéticas. Aí preferimos ouvir os contos e fantasias do Tio Anderson. Não só porque o Tio Anderson fez o “Aqualung,” o “Thick as a Brick,” o “Songs from the Wood” e muitos mais, mas porque há tanto charme nisto. E ele foi sempre isto. Um “old wise storyteller” desde a juventude. “Curious Ruminant” não precisa de ser alguma coisa de especial, é um agradável disco de folk rock progressivo e um bom atestado de longevidade com noção e consciência.
Puppet and the Puppet Master, Stygian Hand, Drink from the Same Well
Harmonium, Blood Ceremony, Ian Anderson a solo