Jethro Tull

RökFlöte
2023 | InsideOut Music | Rock progressivo, Folk rock

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Parece que depois do jejum vem a fartura. Esperámos quase vinte anos – ou digamos mesmo mais de vinte, caso não haja disposição para contar com aquele álbum natalício como “canónico” – para nos surpreendermos com um “The Zealot Gene.” E agora, nem passa um ano e meio e os Jethro Tull têm “RökFlöte,” um novo disco sem qualquer indício de ser feito de sobras, agarrado a um conceito bastante folclórico e separado do anterior.

RökFlöte” é um projecto de diversão para Ian Anderson, que até pensava fazer disto apenas um registo instrumental. Encontrou suficiente do seu habitual para lhe acrescentar o resto e tirar daqui mais um disco sólido de Jethro Tull que se preze. A sua ambição é promissora, mesmo para uma banda com tantas décadas de carreira: um álbum fantasioso baseado em folclore e mitologia nórdica, com muito de medieval à sua volta. É feito com canções de rock clássico, regadas a flauta. E afinal parece que já temos aí o obstáculo. O que seria um projecto diferente e ambicioso parece engolir-se a si próprio. A descrição afinal é só a coisa mais Jethro Tull que poderíamos ter. E é mesmo, é marca Ian Anderson inconfundível.

Então viremos o jogo, porque temos muito valor a atribuir a este “RökFlöte.” É a coisa mais Jethro Tull possível no bom sentido. É o melhor que temos de Jethro Tull em muito tempo e não é só a contar os anos de pausa discográfica e uns discos assim mais subpar antes da paragem. Supera “The Zealot Gene,” que até nos surpreendeu e vem a soar confiante e a uns Jethro Tull clássicos e não envelhecidos. Não vemos um clássico em “RökFlöte” mas vemos as parecenças com esses, como se de um filho matulão do “Aqualung” se tratasse, ou um aprendiz de feiticeiro que tivesse o “Stand Up” como mestre, ou até mesmo um sucessor de “Songs from the Wood,” que o ambiente até soa semelhante. É um gosto que se tira deste álbum que podia ser alarmante por tão apressado, e celebramos-lo ao som de muita bela melodia de flauta e um rock setentista a marimbar-se para modernismos. O que a casa gasta e já sabíamos. Um disco digno.

Músicas em destaque:

Allfather, Hammer on Hammer, The Navigators

És capaz de gostar também de:

Harmonium, Mostly Autumn, Blood Ceremony


sobre o autor

Christopher Monteiro

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