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Podem olhar para o calendário mais à mão para confirmar o ano em que estão. É mesmo 2022 e, no tórrido Verão desse ano, cai-nos nas mãos um novo álbum dos Journey. Esses mesmos. Não é um regresso após décadas, não estão parados desde aqueles êxitos, mas não deixa de surpreender e por acaso até já vão mesmo onze anos desde “Eclipse.” E têm mesmo toda a legitimidade e “Freedom” para fazer um disco como este. Até corremos o risco de lhe chamar “datado” mas isso implicaria defeito e não é aí que reside potencial problema.
De lembrar que os Journey dominavam o arena rock na primeira metade da década de 80, com hinos inesquecíveis e com a voz de Steve Perry a levar grandes canções a patamares mais altos ainda. O tempo já passou, a sua relevância mutou, a voz também mudou e “Freedom” já é o terceiro registo na voz de Arnel Pineda. Já estamos habituados a ele. Portanto dificilmente se encontra algo neste disco que não seja nostálgico. Meio que nos transmite que o esforço em não soarem minimamente modernos foi mesmo consciente. Chamemos-lhe “pandering,” na procura de um palavrão para este contexto. E não são subtis, como raramente estes dinossauros do rock são. Basta atentarmos à introdução de “Don’t Give Up on Us” e notamos logo a sua referência e recordação de “Separate Ways.” E, ao trazer-nos à cabeça as imagens daquele hilariante teledisco, é que bate a tal nostalgia que qualquer um reconhece – já que isto parte de um escriba que ainda teve que esperar um bom bocado para nascer quando os Journey andavam em alta.
Nostalgia por uma fatia daquilo que os Journey eram. Mas infelizmente não se parecem estender além disso. Naquela aceitação bacoca de serem dos maiores baladeiros da rádio do seu tempo até hoje, debruçam-se demasiado nessa faceta, fazendo de “Freedom” um álbum muito uniforme, com excesso de açúcar, com uma produção pobre e com a combinação disso tudo a não justificar a tão longa duração do disco, que se estende, dispersa-se e torna mais difícil encontrar ali as malhas mais arockalhadas – como “Let It Rain” – e as baladas mais poderosas – como “Together We Stand” – entre as mais fatelas – “Still Believe in Love.” As performances estão exímias, a voz de Pineda continua a fazer lembrar a de Perry o suficiente para nos manter familiarizados, mas com suficiente identidade para ter o seu próprio mérito, e até está aqui um bom álbum de AOR à antiga para matar a sede por esse estilo, por entre os excessos. Mas se os próprios já diziam que “Any way you want it, that’s the way you need it,” agora seleccionem vocês o que querem e precisam de “Freedom,” disco ambicioso mas com poucos recursos para chegar onde queria.
Together We Run, Don’t Give up on Us, All Day and All Night
Foreigner, Boston, REO Speedwagon