Katatonia

City Burials
2020 | Peaceville Records | Rock progressivo, Metal gótico

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Enquanto existem bandas que anunciam o seu hiato e deixam o seu povo a salivar por um regresso que nunca mais chega, há assim uns hiatos à Katatonia. Parados em 2018, com razões legítimas, lá se reuniram no ano seguinte para comemorar os dez anos de “Night Is the New Day” e em 2020, até têm um álbum novo, “City Burials,” para todos desfrutarmos, apenas quatro anos depois do disco anterior, a mesma fenda temporal que esse mesmo teve do seu antecessor.

Essa pressa toda em voltar depois de uma tão urgente paragem podia ter muito mau resultado e isto soar tão apressado quanto o repentino que foi o seu anúncio e chegada. Na verdade, podia olhar-se para a sequência discográfica dos Katatonia e nem nos apercebermos do tal hiato dada a sucessão perfeita: “City Burials” não só vem seguir a onda mais progressiva, menos pesada, mais minimalista mas sempre melancólica que se sentiu em “The Fall of Hearts,” como a vem aperfeiçoar. Não é disco para quem lhes tenha virado as costas desde que tornaram a sua música mais acessível mas, como isso já está tão para trás, é um passo lógico no progresso dos Katatonia que, após tantos anos de carreira, até podiam ter relaxado e deixado as coisas fazer-se sozinhas – ou realmente ter acabado de vez há dois anos se assim entendessem.

É verdade que a banda Sueca nunca soou tão despida de peso realmente metálico, com o metal gótico a reduzir-se e a sentir-se mais em ambiente do que no carregamento das guitarras – não deixa de haver peso, “Behind the Blood,” “Rein” ou “Neon Epitaph” são pontos pesados bem distribuídos. Cada vez mais tornados num acto de rock progressivo único, com as texturas electrónicas de trip hop a dar-lhes uma escuridão totalmente diferente daquela que a “doomalhada” de antigamente lhes dava, mas sem deixar de ser uma parente próxima, e a voz de Jonas Renkse a conseguir mesmo estar cada vez mais impecável, especialmente para um quarentão que passou uma parte da sua juventude a berrar desalmadamente. Soa inconfundivelmente Katatonia, os do presente, que vai àquele tal minimalismo electrónico de “Lacquer” a uma “Untrodden” com um solo de lembrar que também se consome rock de barbas. Tão diferente de “The Great Cold Distance” e “Night Is the New Day,” porém tão próximo deles. A esta altura do campeonato é obra e até se celebrava se esta malta não fosse sempre tão melancólica.

Músicas em destaque:

Behind the Blood, Lacquer, Vanishers

És capaz de gostar também de:

Anathema, Opeth, Paradise Lost


sobre o autor

Christopher Monteiro

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