Kerry King

From Hell I Rise
2024 | Reigning Phoenix Music | Thrash metal

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Olha o álbum novo dos Slayer! Não é? Pois, não é. É uma espécie de extensão. “From Hell I Rise,” a estreia a solo que o guitarrista Kerry King andava a prometer e que chegou a todas as mãos e cabeças bem a tempo da nossa confusão com o anúncio às três pancadas da reunião da banda para um par de concertos por aí. Com isso e este álbum, afinal ainda há muito Slayer num mundo que supostamente já não os tem.

É que podem crer que qualquer movimentação que se afaste do característico som dos Slayer é milimétrica e é a tal familiaridade que criará a divisão: ou é o que reconforta ou o que chateia, mas o risco de se tornar refém de si mesmo é real. Claro que não dava para fugir, Kerry King sempre foi uma peça essencial no seio da banda – onde, por acaso, todos tinham protagonismo – e este trabalho de guitarras não poderia soar a qualquer outra coisa. A voz é outra? É, mas pertence ao experiente Mark Osegueda dos Death Angel que, mesmo sendo já praticamente tão veterano como os congéneres, bem sabemos o quão semelhante ele pode soar ao Tom Araya. Dá mesmo para tentar a brincadeira e situar a “Idle Hands” no “God Hates Us All,” a fúria de “Toxic” no “Christ Illusion” e adivinhar, com toda a certeza e confiança, que “Shrapnel” é indubitavelmente Slayer, logo pelo início, talvez alguma do “Seasons in the Abyss.” E até sacamos de uns aplausos, porque “Crucifixation” até é uma grande malha de Slayer perdida!

É um factor que pode afastar alguns mas não é razão para se crucificar logo Kerry King e o seu primeiro trabalho em nome próprio. Porque pode ser exactamente isto o que o fã de Slayer precise para saciar a fome da falta deles e “From Hell I Rise” é um disco competente. Mais do que isso até. O pescoço corresponde aos riffs, que King sempre os soube fazer, e não é com desagrado. Finta expressões de desdém como “tanta coisa para isto” através da honestidade, já que King não prometeu que existissem aqui grandes novidades; ou “é só Slayer com mais groove” porque até há mérito nisso e inteligência na subtil inserção desses factores. Como aquela faixa-título colocada no final, com um estrondo para acordar o distraído e fazê-lo querer voltar ao início. Portanto cumpre sem deslumbrar. Fosse este o novo álbum dos Slayer e ficaria ali no “meio da tabela” – como já estavam “Repentless” e “World Painted Blood.” E fica um álbum seguro, que garante que venha a existir um segundo e que tenha exactamente a mesma recepção deste.

Músicas em destaque:

Residue, Crucifixation, From Hell I Rise

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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