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Até sabe bem um regresso discográfico após mais de uma década. Mesmo quando é de uma banda que parece que nunca chegou ali ao topo ou conquistou aquele respeito. Andaram sempre ali nas posições de luta pela manutenção na primeira liga do nu metal e acabavam por levar com o fraco rótulo “daquela banda de nu metal de gajas.” Nem o “Spit,” estreia e álbum mais notável das Canadianas tem aquele destaque. O entusiasmo por este “Fire” acaba por ser à boleia da nostalgia, que bate mesmo muito forte e faz tudo valer.
No entanto também as podemos sempre considerar injustiçadas, por esse redutor rótulo e não só. O certo é que depois de um bom pontapé-de-saída com “Spit” e “Oracle,” instalou-se uma dificuldade em manter relevância e frescura. Tentaram ficar mais suaves no “Funeral for Yesterday” e recuperar raiva e agressividade, então extraídas da moda do metalcore, em “In the Black,” e por acaso nenhum foi uma experiência assim tão memorável. O hiato fez-lhes bem por isso. Criou-se o apetite, a procura por elas. O revivalismo do interesse pelo nu metal fez com que uma agenda de concertos se começasse novamente a preencher e as raparigas, já senhoras, sentiram que tinham mais um disco dentro delas e não cederam a pressões. Mantiveram as coisas simples. Há algo de muito natural na forma como estes temas saem, como se fosse o mais honesto que as Kittie lançam desde os seus primórdios.
Restando apenas as irmãs Lander como originais, já tendo atravessado várias mudanças de formação, das mais mundanas às mais trágicas – a perda de Trish Doan, tão jovem, será sempre fonte de inspiração para melancolia e/ou raiva – e com várias fases ao longo do seu instável percurso, até se torna difícil realmente detectar a identidade das Kittie. Mas o que isso seja, está aqui. Não tem aquela agressividade toda do início, – não há aqui mais uma “Brackish,” esqueçam lá isso – mas aproveita a nova vida do nu metal, retoma aquele peso melódico de um melodeath mais americanizado à In Flames ou Darkest Hour, com aquele groove frenético todo de Lamb of God ou Chimaira, com um metalcore de refrão grande à Caliban ou Killswitch Engage. Afinal só apresentam o que sabem fazer: harmonia entre peso e melodia, que não falta aqui refrão cantado em voz aguda para levarmos na cabeça para sempre, – “Fire,” “We Are Shadows,” ou “Grime” – ou peso em guitarras e em voz – “I Still Wear This Crown,” “One Foot in the Grave,” “Are You Entertained?” e “Eyes Wide Open.” Ainda não vão ser campeãs no que fazem, mas fazem o regresso valer além da mera nostalgia e lembram-nos que até nem será uma perda se dermos uma nova chance aos clássicos.
Fire, I Still Wear This Crown, Eyes Wide Open
The Agonist, New Years Day, In This Moment