Korn

The Nothing
2019 | Roadrunner Records, Elektra | Nu metal

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Nós, ouvintes, somos uns teimosos. Muito gostamos das coisas como as conhecemos que, quando algo muda, bate a saudade e queremos tanto o regresso à raiz que até o procuramos a toda a força. Quando os Korn se afastaram do nu metal mais duro, – quando este se afastou de qualquer conceito de relevância – qualquer coisa que vinha parecia o seu regresso às raízes que tanto queríamos. O que vale é que “The Nothing” é nada disso e não requer qualquer procura nossa com muito esforço.

Agora com tempo já passado, até podemos olhar para trás e admitir que os estranhos “See You on the Other Side” e “Untitled” eram mais interessantes que qualquer “retorno à base” que fosse “Korn III” ou “The Paradigm Shift” que se seguiram – e pronto, aquela experiência com o dubstep pelo meio é que realmente foi mais infeliz. Mas assim que chegou “The Serenity of Suffering,” fomos arrebatados com uma pujança que já nem nos lembrávamos. Não era preciso esforço nenhum, estavam ali os Korn que fez tanta juventude apaixonar-se por eles e interessar-se pela música de peso. Então “The Nothing” é para seguir essa vertente? Ora peguemos na introdução “The End Begins” e temos uma gaitinha-de-foles e Jonathan Davis desata a chorar no final. Caramba, temos Korn! O que se segue é tremendo e ficará como um dos mais negros discos do catálogo da influente banda.

Influenciado por um novo período negro na vida do sempre atormentado Jonathan, a pesada e trágica perda da ex-mulher, recupera-se uma fúria e angústia que nos permite ser suficientemente ousados para comparar com os tempos iniciais do auto-intitulado de estreia ou “Life Is Peachy.” “Finally Free” é toda uma terapia para o vocalista e ao longo de todo o disco há um peso de marca que não conseguiríamos associar a mais ninguém. Sentimos a sua dor – e aquela conclusão atormenta mesmo com o seu lamento “I failed, I failed…” – mas também abanamos a cabeça ao longo de todo o álbum, repleto de malhões, riffs como as “regras” mandam e um sentido apurado para a melodia que sempre tiveram sem cair no mais aguado ou plastificado de outros registos relativamente recentes. É mesmo um regresso às raízes e se “The Ringmaster” não nos levar directamente ao “Issues” ou “Gravity of Discomfort” ao “Follow the Leader” então algo está errado mas connosco. Faz isso sem soar datado e apenas cimenta o som de assinatura dos Korn como intemporal, se bem feito. Cumpre e, juntamente com o disco anterior, acaba por ser ainda melhor que o que podíamos esperar deles a esta altura do campeonato. Até nos faz ser uns sacanas doentios e deixar a dica ao Jonathan… Nunca sejas um gajo feliz, meu…

Músicas em destaque:

You’ll Never Find Me, The Ringmaster, This Loss

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Deftones, Coal Chamber, Slipknot… Vamos todos buscar as calças largas outra vez!


sobre o autor

Christopher Monteiro

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