Os Circa Survive já vão deixando saudades, desde o recente hiato indefinido. Os My Chemical Romance, então, nem se fala. Aquela torturosa dor com uma reunião e alguns indícios de nova vida que só proporcionaram mais desespero ainda, que nem um maléfico coito interrompido. Os Coheed and Cambria e os Thurday ainda vão andando de boa saúde, pronto.

Ou seja, lá tem que se recorrer a calão desagradável e chamar supergrupo aos L.S. Dunes. “Violet” é, porém, o segundo disco, a mostrar que a brincadeira é para se levar a sério. E como “emo” também já é um palavrão mais aceitável, com tudo o que seja nostálgico a bater, já pode ser atribuído a uma banda destas, mas com carinho e afeição. Tal como “Past Lives,” “Violet” é um conjunto de canções de pós-hardcore melódico que faz de conta que ainda estamos nos meados da década de 00, aquela que nos dá a sensação de ter sido a última era de alguma inocência. Nós, pelo menos, éramos mais felizes. Curiosamente, as emoções de “Violet” é que não podiam ser lá muito alegres, para isto resultar como é, e sangram bastante por cima das melodias, essas já por si, uma colherzinha sobre o desespero que se faz notar em riffs e versos berrados de Anthony Green, para o adocicar.

A voz de Green é o mais incontornável que aqui se encontra, claro. E aproxima isto logo, automaticamente, dos Circa Survive. Insere também um rock mais indie e alguns escapes progressivos que levem para o mesmo lado. Mas, também com a ajuda dos outros músicos, afasta-se um pouco da referência óbvia. Um tema como “You Deserve to Be Haunted,” por exemplo, talvez pudesse ser mais dos At the Drive-In do que dos Circa Survive e permitem-se enfurecer um pouco mais, para lados mais pesados por onde já tenham andado os The Used ou os Brand New noutros tempos. “Violet” fica um álbum muito completo, de identidade própria e que sabe ser nostálgico sem ser caprichoso ou datado. Com atenções voltadas para as coisas diferentes que Frank Iero ainda consiga descobrir na guitarra e para as coisas inacreditáveis que aquela tão aguda voz de Green consegue fazer. Mas disso já se estava à espera.