“Sleepless Empire” continua o percurso dos Lacuna Coil numa direcção mais pesada e um pouco mais experimental, com o que podem fazer sem perder a essência. Já começou com “Black Anima.” Parece que, após a sequência que antecedeu esses discos, e que até foi duradoura, os próprios Italianos acharam que estavam a ficar açucarados demais.

Andrea Ferro volta a optar por um tipo de voz mais agressivo e berrado. Cristina Scabbia continua a ser a estrela, mas esta é a dinâmica agora e nem nos fazem esperar. É logo assim, com essa ferocidade, que entra em “The Siege,” a avisar logo como será toda a experiência que o segue. Não é que remonte para algo assim tão extremo, lembra algo que podia ser talvez dos In Flames, e é assim comedidos que se mantêm. Ainda é um disco bastante polido e produzido, tão melódico quanto sempre foram. Que não dispensa uma juvenilidade para se manter fresco e actual – um convidado como Randy Blythe é um veterano de legado mais que feito, mas a Ash Costello, dos New Years Day, lidera uma das coqueluches da música pesada jovem, da superfície. E, para realçar o peso nas guitarras, como muitos, não resistem ao “downtuning.”

“Sleepless Empire” é disco de afirmação de que, independentemente de quantas décadas de carreira tenham, os Lacuna Coil ainda não se conformam, aceitam os percalços que já tiveram, olham para trás a tudo o que fizeram e dão-lhe roupagens novas, sem qualquer equívoco em relação à sua identidade. O tongue-in-cheek de “I Wish You Were Dead,” o peso mais intimidante de “Oxygen,” melodia à antiga para um hino gótico em “Gravity,” travos de nu metal em “Scarecrow,” executados de forma diferente das que se sentiam no “Karmacode” e no “Shallow Life.” A assinatura não dá para confundir e já terá sido dito tudo em relação à voz de Cristina Scabbia. Um disco inteligente, no qual acrescentam esta faceta mais pesada a algo novo. Sim, é uma achega a implicar que o “Comalies” estava óptimo e não precisava cá de rearranjos. A malta quer é isto.