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Já aqui foi discutido e até parece assunto corrente. A nossa suspeita perante lançamentos muito rápidos. Além de uma consequência de artistas confinados e impedidos de partir para a estrada e tentarem manter a sanidade mental, por vezes também fazemos o “double check” e encontramos artistas já por norma produtivos. Lana Del Rey já despachou sete álbuns em menos de dez anos e isso sem contarmos com aquele álbum estranho de poesia que lançou em 2020 e sem aumentar o espaço temporal para já incluir aquela marginal estreia quando ainda era “Lana Del Ray aka Lizzy Grant.” Pouco mais de meio ano para nos afeiçoarmos ao interessante “Chemtrails Over the Country Club” e já temos “Blue Banisters.”
Que é tudo menos um álbum festivo. Incapaz de deixar a melancolia de lado, Lana volta ao minimalismo, a despir-se ao básico, com uma maioria de canções orientadas por voz e piano – fórmula em que ela ainda confia – a torná-lo mais uniforme que qualquer uma das anteriores propostas mais amplas. Traz aqueles ares de “compilação de sobras que iam ser b-sides” a temer, mas levantaria questões sobre de qual era seriam resgatados, com tanto destes temas a levar de volta ao “Ultraviolence.” Comparações favoráveis, encontrando-se aí pontos fortes que favorecem “Blue Banisters” ao fazer o balanço com alguns dos seus pontos mais fracos: o seu songwriting introspectivo atinge aqui um novo pico e, a este ponto, é como se já nem conseguíssemos saber quantas camadas cobrem esse ser estranho que adoptou Lana Del Rey como nome artístico.
É a atentar a isso que dá realmente para olhar além das suas dificuldades, como a sua extensão, uniformidade a arriscar a monotonia e até mesmo o tão pouco tempo para nos prepararmos. Requer atenção e uma vontade de conhecer os temas um a um e deixar que realmente seja a alma de Lana a comunicar-nos e não seja apenas música de fundo. A falta de uma “White Dress” a agarrar-nos de imediato deixa-nos dispersar antes de encontrarmos os valores melancólicos da faixa-título, uma fantástica “Dealer,” com participação de Miles Kane ou toda a alma – soul mesmo – de “Thunder,” assim como todo aquele recurso à melodia subtil que Lana tem preferido empregar em vez de canções mais grandiosas como em “Born to Die.” Com os seus excessos e uma questionável pressa em sair a ofuscar os seus valores, não deixa de ser mais um bom disco de reflexão de uma autora contemporânea bem mais importante que o que muitos deixam realmente entender. E, numa discografia já extensa, continua a saber como fazer cada disco ganhar corpo e a sua própria identidade.
Blue Banisters, Dealer, Thunder
O habitual que a Lana faça, mas mais simplista ainda.