M1ke

Thy Wolves
2024 | Museu do Heavy Metal Açoriano | Metal progressivo

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Ainda se colhe muita coisa no pós-pandemia. Mas não são só as mazelas más. Também os frutos de músicos que não podiam propriamente confinar a sua criatividade e vontade de mandar música cá para fora. O músico português, agora sediado em Espanha, Miguel Silva, M1ke para os amigos e para quem anda atento às suas obras como o “The Siege,” parece estar tão agradado com o mundo à sua volta como todos nós, portanto dedica-lhe assim este “Thy Wolves.”

Para esses tais lobos, até fica uma coisa de imensa qualidade. Lamenta-se apenas a curta vida de cada um dos vários projectos em que M1ke se tenha envolvido anteriormente, mas terá tudo servido para o músico aprimorar os seus dotes. De execução e de escrita de canções, já que “Thy Wolves” é um álbum bastante melódico. Assente no progressivo, não se perde a deambular em exbicionismos técnicos e virtuosos e procura sempre a canção. Sente-se sempre a referência Dream Theater, mesmo nesse campo, com uma certa intensidade de Nevermore e o tal ouvido apurado meio à Evergrey, mas com menos mel. Os riffs são sempre fortes e algo como “Adios a Dios” até traz pica de um thrash mais à antiga.

Thy Wolves” tem uma sequência natural e um alinhamento cuidado, mesmo que a força individual que cada tema tenha permita isolar qualquer uma. Podia ser um sacrilégio, se estamos a rotular isto como progressivo, mas o músico Açoriano parece estar pouco preocupado com cumprir parâmetros e a prestar mais atenção a fazer música memorável, que sobreviva ao tempo, onde canalize as suas mais fortes emoções, a abrir-nos a curiosidade para um seguidor ou para ver se acaba por se envolver num novo projecto. Não é uma experiência, nem um projecto de vaidade, M1ke já se tornou toda uma banda, promete e ajuda a que o metal alternativo de intelecto mais progressivo, ou metal progressivo de inteligente acessibilidade, tenha mais procura. Cabe uma rockalhada à antiga em “Get Used to It!,” um assalto mais contemporâneo-core em “War Sick,” ou uma entrada à Megadeth em “The Wolves.” Subtil versatilidade. De resto, é abanar a cabeça, que é o que isto manda!

Músicas em destaque:

Like a Thunder, Adios a Dios, The Wolves

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Apotheus, Communic, Dream Theater


sobre o autor

Christopher Monteiro

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