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Pronto, com esta tão sedenta necessidade de dar nomes a tudo, aceitemos então que o “djent” realmente é uma coisa. Já que não criou um monstro e estabeleceu uma moda de nomear géneros por onomatopeias. E se já somos capazes de reconhecer que a coisa existe e existem bandas a praticá-lo, ao pontapé, então comecemos a separar as coisas e a lembrar que os Meshuggah podem ter inspirado e influenciado toda a brincadeira, mas ainda não fazem parte dela. Ao recordar os seus discos ou ao ouvir o novo “Immutable” dá para lembrar imediatamente que as bandas todas do tal afamado género davam tudo para sacar de um riff com um quarto do peso de qualquer um destes.
Os riffs avassaladores e complexos continuam a ser o que lidera a já muito reconhecível música dos Meshuggah. “Immutable” podia ser referente a eles próprios, como sugestão de que já nem dá para mutar mais do que isto, mas foram necessárias umas mutações muito bizarras e violentas para chegar onde chegaram. Ainda nos continuarão a jurar que não têm dez guitarras em estúdio e em palco para fazer aquele basqueiro todo e a tocar riffs ao mesmo tempo – o paredão sonoro continua aquele sádico desafio de querermos abanar a cabeça mas nem sempre sabermos bem como, tal é a complexidade, harmonia entre mais que uma descarga simultânea e disparidade matemática de cada riff, sempre a desafiar o quão graves conseguem ficar sem caírem nalguma auto-paródia. E como se não fosse monstruoso que chegasse, cada vez vão deixando entrar mais elementos industriais para tornar a maquinaria mais perigosa ainda. E singram em apresentar o seu álbum mais extenso sem se tornar cansativo. Exaustivo, sim. Ficamos a arfar, claro. Mas é como naquela do “correr por gosto.”
Tudo o que possa ser descrito é o que esperamos dos Meshuggah. Quem sabe como eles soavam até agora, sabe exactamente ao que “Immutable” vai soar. Mas aqui o gozo e até a surpresa não estão nisso. Além de poderem ficar ali sem sair do mesmo campo, plantado e tratado pelos próprios para poderem lá ficar, e de parecer sempre que voltam a empurrar os supostos limites do peso mais um bocadinho, há a parte de partirmos para aqui à procura de riffs. Conhecemos-lhe o ADN mas queremos saber como são e em que estado vão deixar as coisas. E levamos logo um tabefe de “The Abysmal Eye” para sabermos que é do bom. A aparente simplicidade do início de “Light the Shortening Fuse” parece naquela de “o tal djent é tipo isto, não é?” e é nova simplicidade e repetição que nos tortura em “Phantoms.” Mas há grooves doentios como em “Kaleidoscope” e “The Faultless” tem um riffalhão que até dá vontade de a voltar a reproduzir logo imediatamente. O que não nos deixa até nem é o pescoço dorido, esse aguenta, é mesmo a frenética estridência com que “Armies of the Preposterous” entra logo a seguir. Uma bela compensação após seis anos que, sem eles, até parecem ter sido muito calminhos.
The Abysmal Eye, The Faultless, Armies of the Preposterous
Strapping Young Lad, Gojira, After the Burial