Misery Index

Complete Control
2022 | Century Media Records | Death metal, Deathgrind

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Porrada. Algo a evitar e, com certeza, que deixe consequências desagradáveis, fora alguém que tenha assim uns instintos mais torcidos. Porém, é aquela palavra que muitas vezes temos mais à mão para utilizar como elogio a uma boa dose de death metal bem pesadão, com tudo no sítio, e que até nem aposte tanto na originalidade. Aí de repente uma boa sova é a melhor coisa que nos podem dar e nunca seremos capazes de explicar isso a alguém de fora. Só tentando, talvez, oferecer alguma. Não literal, mas assim na forma de um “Complete Control” dos Misery Index, por exemplo.

Complete Control” será álbum de mexer pouco na fórmula de uma banda já veterana e que já se terá emancipado do legado dos Dying Fetus, de onde conhecemos primeiramente Jason Netherton, mesmo que os paralelismos sejam inevitáveis. Mas com demasiado a distinguir e com que já contamos quando começamos a tocar o disco para que saibamos que são os Misery Index a destruir-nos os arredores: não são de perder tempo com muita técnica e preferem assentar o seu death metal brutal sobre o hardcore punk e até o grindcore, cheio de groove bem grosso. As melodias apuradas nada têm a ver com o death metal que se deixa classificar por isso mas apenas com uma missão de nos dar mais razões para abanarmos a cabeça além dos riffs robustos.

Já veteranos de vinte anos de carreira e agora sete discos, até se podiam encostar àqueles que são os seus habituais alicerces e debitar riffs e berrar umas críticas de língua afiada e tinham um álbum assinado e digno, mas os Misery Index não optam pelo tão fácil ou automático quanto isso, mesmo que pouco se mexa em “Complete Control,” especialmente em relação a “Rituals of Power.” Continua a ser mais death do que grind, mesmo que ainda lhe atribuamos a fusão dos dois como rótulo, e procura por vezes ainda mais groove e petardos mais directos ainda, por vezes deixando-se aproximar ainda mais da sua influência hardcore, com muito riff verdadeiramente beatdown e as tais melodias que reforçam que querem que nos lembremos destes temas. Cumpre e impõe-se. Para já, continua difícil a tarefa de escolher um álbum favorito na discografia dos Misery Index, mas é igualmente difícil seleccionar o menos favorito. É que o “mais fraquinho” não se encontra.

Músicas em destaque:

The Eaters and the Eaten, Rites of Cruelty, Conspiracy of None

És capaz de gostar também de:

Dying Fetus, Pig Destroyer, Rotten Sound


sobre o autor

Christopher Monteiro

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