Cá estão novamente os Monster Magnet. Já a trazer-nos rockalhada suja há três décadas, sem hiatos ou fases de crise de identidade. Cá está novamente Dave Wyndorf, a quem ainda não lhe disseram que já é sexagenário, com uma atitude inimitável, a exclamar hinos. São bons clamores para nos situarmos nesta introdução ao sucessor do enérgico “Mindfucker,” já de 2018. É que “A Better Dystopia” é um álbum de covers.

Se já voltaram os olhos ao sítio, depois de tanto terem sido revirados, pela ideia de termos um desses e por parecer tão obrigatório para as bandas veteranas passarem por um desses, – não foi há muito tempo que por aqui se falou da brincadeira descontraída dos Saxon – voltemos às aclamações do parágrafo introdutório. É que aqui os Monster Magnet desafiam o conceito e surpreendem com um álbum de covers realmente bom e que talvez até se justifique. Uma selecção de temas clássicos que influenciaram estes malucos de New Jersey, que podia muito bem ser um disco de originais, tal é a familiaridade com o que já conhecemos e esperamos deles. Dão isto a alguém distraído ou desinformado e consome, na boa, como o novo de originais dos Monster Magnet e fica satisfeito.

Não só pela selecção inteligente de temas obscuros de actos que sejam tudo menos óbvios, mas pela personalização e adaptação ao que os Monster Magnet andam a fazer, com encanto e arraso, desde o clássico “Powertrip.” Se até podiam já ter, até agora, uma reputação de “Hawkwind pesadões,” é nisso mesmo que se transformam logo com “Born to Go,” a cover dos lendários pioneiros do space rock. As influências aqui homenageadas, não são só de culto, como são suficientemente diferentes para tornar o disco coeso mas heterogéneo. Escuridão lenta e pesada (Pentagram), assim como o peso prototípico de um rock que queria ser algo mais (Poobah), a psicadelia de raíz (The Pretty Things), ou simplesmente o punk mais canalha (Table Scraps), com espaço para o mais alegre power pop (The Scientists). Grandes malhas que, mesmo com outros nomes a assiná-las, constituem um novo leque de grandes canções dos Monster Magnet. Não há melhor crédito a dar do que esse: a forma como fizeram “A Better Dystopia,” um disco de versões, valer tanto.