Não é falso alarme, há mesmo qualquer coisa que cheira a morto. É este monstro discográfico – compilação, EP duplo, longa-duração, o que os nossos pútridos corações lhe quiserem chamar – desta proposta minhota relativamente nova apresentada por veteranos experientes do nosso underground. É um “Morto Vivo” já em avançado estado de descomposição. Mas tudo soa vivíssimo.

Porque vem instruir-nos e informar-nos, numa curta sessão de vinte minutos, que este grind podre e bem regado de um não muito mais puro death metal simplesmente não passa de moda. É verdade que também leva a etiqueta do “old school” – e que se justifica, por muito sobreutilizado que seja o termo – mas é do que se pode fazer sempre. Porque, muito sujo que seja, vem fazer uma lavagem. Não é que às vezes até nos apeteça uma curta e forte dose disto. Precisamos mesmo. E quando é assim, cá estão os riffs brutamontes, a velocidade do instrumental grind a unir-se com um gutural de death metal de origem, até há umas samples para deixar o ambiente pior ainda. É um “Morto Vivo” que deixa um rasto de destruição por onde passa.

Não há dúvidas de que este género está muito bem representado em Portugal, – até basta olharmos para a editora para nos lembrarmos logo de uns quantos – mas os Morto não vêm só para caber, procuram mesmo onde se distinguir. É uma sova pensada, a que dão. Eles sabem que essa brincadeira das samples facilmente fica excessiva portanto há um cuidado em justificar o ambiente e atmosfera que construam. E também sabem que isto de chutar para a frente, fazer barulho, deixar tudo do avesso é giro, mas a malta gosta de coisas concretas e memoráveis. E aqui há riffs. Se há. Poucas vezes aparecem canções com um título tão rigoroso como “Killed by the Riff.” Ora vão lá ouvir essa. E o resto, que passa rápido, mas vai ser repetido, com certeza. E seremos cada vez mais a esperar um sucessor assinado por esta dupla. Sim, também há essa. Este cagaçal todo é feito por só dois marmanjos!