Chelsea Wolfe e Jess Gowrie num projecto que as junta num descarregar de rock e metal ruidoso lo-fi, breve, com atitude e o mais tongue-in-cheek possível desde o nome da banda, à arte e às próprias letras das canções. Tudo feito em menos de 20 minutos. E podíamos ficar já por aqui, isso tem que ser suficiente para abrir a curiosidade e até para nos garantir qualidade, originalidade e qualquer coisa que seja tudo menos ortodoxa.

Toda a calma acústica de “Birth of Violence” parece ter servido de filtro para que Chelsea Wolfe pudesse descarregar apenas a sua faceta mais crua e ruidosa aqui. E se um projecto com Jess Gowrie – que já espancava a bateria no pesado “Hiss Spun” – era o que ela desejava ainda antes de se estabelecer em nome próprio, e já chegou a existir antes de tudo isso, então pode dizer-se que se sente realmente a vibe de uma banda de garagem, com uma rude produção a ajudar que o rock ruidoso ganhe ainda mais densidade e toda uma outra proximidade ao punk, que realmente sobe primeiro à cabeça só de olhar para o nome e capa do projecto.

E se Chelsea Wolfe é realmente o nome que se sobressai e toda a “imagery” desta banda não parece ser totalmente associável à escuridão gótica com que se deu a conhecer, não faltam aqui temas – como “Knelt,” “Self-Surgery” ou “Mrs. Piss” que, em versões mais cruas, não soariam tão deslocados em alguns dos seus discos anteriores. A juvenilidade de “Self-Surgery” também não tira qualquer identidade às igualmente obscuras letras e em termos sonoros, junta àquela familiaridade no meio da névoa, um certo grunge à la L7, um deathrock repleto de sarcasmo que remonte a uns Christian Death e todo um ruído sangrento que possa parecer uma resposta feminina aos Unsane. Noise rock de esgar malicioso, em convívio com um tom depressivo, mas maduro, que poderá ser ainda só uma primeira experiência ou até uma experiência única. Mas em 18 minutos mantém-nos atentos e a antecipar um sucessor.