Mushroomhead

A Wonderful Life
2020 | Napalm Records | Metal alternativo, Nu metal, Metal industrial

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Vida ingrata, a destes Mushroomhead. Já aí andam desde o início da década de 90, com o seu primeiro disco a datar de 1995. Apresentaram-se com uma sonoridade experimental e moderna, mas também com uma imagem excêntrica de banda numerosa – oito membros, por vezes nove em palco – e todos mascarados. A fazer lembrar alguém? Pronto, ao virar da década aparecem outros putos de Iowa com um conceito assim familiar e chutam estes para o lado, por vezes descobertos posteriormente como se fossem eles uma imitação.

Parece injusto mas são os próprios Mushroomhead quem dá os principais argumentos para isso. Como este “A Wonderful Life,” um disco de tão pouco interesse, tão datado e a fazer pouco para os fazer subir da segunda divisão da música de peso melódica, acessível e juvenil – dito assim não propriamente por “nu metal” ser um palavrão mas por já restar pouco disso. Nos seus melhores momentos até podem soar àquelas malhas de “metal alternativo” que nos divertiam nas bandas sonoras dos videojogos “WWE Smackdown vs Raw,” lá está, se tivessem sido lançadas há quinze anos; nos seus piores, dão em fracas e insípidas comparações, como se já não lhes bastasse a infame “cruz Slipknot” para carregar. A forma como tratam a própria sonoridade já está gasta e datada, mantendo os seus habituais tiques industriais que também foram ofuscados por outros de uns Mindless Self Indulgence – mais uns já perdidos no fundo das mentes da miudagem que os idolatrou. Os desgraçados perdem todas as corridas, mesmo começando com avanço.

A Wonderful Life” chega apenas a ser um conjunto de canções, algumas mais bem conseguidas que outras, mas de coesão muito frágil, sempre com o infortúnio da comparação a tramá-los. “Madness Within” é a que tenta enganar com um início a lembrar a clássica “Down with the Sickness” mas de resto mantêm-se na vertente mais melódica, como uns Coal Chamber que simplesmente não se importem, ou alguma banda de post-grunge a tentar uma edge extra ou, quando soam mais dark, uma espécie de Filter para pobres – o que é dizer muito quando os Filter são uns Filter para pobres. A voz de Ms. Jackie até é agradável quando aparece mas leva “Pulse” direitinha para territórios Evanescence, “Carry On” para a abordagem comercial moderna dos Within Temptation e “The Heresy” para algum dueto perdido dos Flyleaf com o falecido Wayne Static. Depois há uma data de canções esquecíveis e sobreproduzidas, com coros líricos a abrir, a fechar e a servir de disfarce, a parecer algo muito ambicioso mas a não passar de algo que se leva demasiado a sério. Sem descartar totalmente os Mushroomhead, que ainda têm os seus defensores que os colocam acima de qualquer comparação, “A Wonderful Life” é um disco apenas para eles. E, mesmo assim, com uma duração e insistência no mesmo que lhes desafie a paciência.

Músicas em destaque:

A Requiem for Tomorrow, Madness Within, Where the End Begins

És capaz de gostar também de:

Mudvayne, Dope, Powerman 5000


sobre o autor

Christopher Monteiro

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