É uma chatice quando tumultos e até uns trambolhões ocupam demasiado do percurso de uma banda, ao ponto de se tornar um pouco a sua imagem. Já vem muita coisa a embrulhar “A Mortal Binding,” novo disco de uns sempre conturbados My Dying Bride, que até parece que demora a chegar ao que pretendemos, ao conteúdo. Lá chegamos. Felizmente, confusões à parte, a música dos Ingleses tem andado boa.

E nem é naquela de apenas passável, boa “por defeito” ou que podia estar pior. Andam mesmo a lançar discos de alta qualidade em recentes anos, a enriquecer uma já vasta discografia. “A Mortal Binding” tem fortes antecessores. E as confusões e anúncios de cancelamentos de digressões e hiatos porque o seio da banda se tornou muito difícil de suportar e de estar, acabam por funcionar como venda deste álbum. Será que se sente isso na música dos My Dying Bride, que sempre foi tudo menos alegre? Será que o negrume ficou ainda mais denso, como se já alguma vez tivesse existido claridade na música destes padrinhos do gótico pesadão? Por acaso não, há conforto em “A Mortal Binding,” quanto se possa ter neste ambiente sempre tão depressivo. É qualidade. Mas a do costume.

Os riffs doomsters bem enevoados não deixam enganar, quer quando pendem para o clássico como abrem com “Her Dominion,” quer quando se deixa auxiliar por um peso mais moderno de “Thornwyck Hymn.” “The 2^nd of Three Bells” podia estar em qualquer um dos discos anteriores, e entretanto uma malha como “The Apocalyptist” poderá ser das melhores que fazem em anos. É esta dinâmica mista, quase tão mista como a recepção à voz gutural de Aaron Stainthorpe, parte que pode realmente sugerir mais raiva neste “A Mortal Binding.” É um álbum que não se chegará à frente no meio de toda a discografia mas que também não se deixará ser esquecido. Um bom ponto – final? De interrogação? – para marcar esta paragem na carreira que nos deixa com pena de não podermos ver estas novas canções ao vivo. Com tudo a correr bem, estaríamos só… Bastante tristes na mesma.