Foi muito longa a espera. Pelo meio a honestidade. Todd Jones acusou o cansaço e ficou sozinho na banda. “You Will Never Be One of Us,” esse discaço inesquecível, já foi há oito anos. E parece que é um novo começo, a olhar para a frente, como quem realmente queima pontes. Estão aqui uns novos Nails em “Every Bridge Burning,” que continuam tão selvagens como sempre. Mas isso é porque já sai naturalmente.

E porque é isto que Todd Jones faz. Cagaçal. Os companheiros que o acompanhem. E, felizmente, estes novos colegas de alinhamento têm todo o talento necessário e currículos credíveis para ficarmos descansados. “Descansados,” que isso é léxico estranho para se usar numa apreciação a um álbum dos Nails. Traz-nos o habitual mas com umas ideias novas. A chinfrineira de “Give Me the Painkiller,” por exemplo. Faixa fantástica e um destaque neste alinhamento. E nunca fizeram tal antes. O abrandar para um sludge com esteróides de “Lacking the Ability to Process Empathy” só lhe atira lama para cima e há realmente um grande foco em solos de guitarra. Desenfreados, claro.

São só uns salpicos de um sangue diferente num chiqueiro que se mantém como é habitual. Aquela marca de grindcore que respeita o hardcore punk de raíz, abre o portão para o powerviolence ao pontapé e deixa os riffs encher-se de crust ou death metal, como se fossem de uns Black Breath mais violentos ainda. E passa-se tudo num instante, como o costume. Pouco mais de um quarto-de-hora e está feito. E já amassou tanto. Ainda por cima a porrada que fecha em “No More Rivers to Cross” é a coisa mais lenta e torturante que já fizeram. Até é preciso um momentinho para ir ao sítio depois disso. Bom sinal. Que, independentemente de quem acompanhe Todd Jones, os Nails mantêm-se sempre nessa forma descomunal e violenta. Os discos que antecedem este já são históricos no panorama do basqueiro. Este para lá vai.