Okkultist

O.M.E.N.
2023 | Alma Mater Records | Death metal

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Parar era acabar com um arduamente conquistado ímpeto. Mas por acaso, dada a regular presença e a imediatez com que se entranharam no panorama pesado, nem deu para notar que se passaram quatro anos entre “Reinventing Evil” e este novo “O.M.E.N.” dos Okkultist, banda potente que também já se habilita a fugir-nos e a dificultar catalogá-los como nossos, aqui deste cantinho da península.

Deu para amadurecer. Sem encher o novo álbum de surpresas, vão limando arestas e moldando a sua identidade no death metal mais moderno, sem dispensar os laivos da velha-guarda, e sem medo da parte melódica, facilitando e justificando algumas das mais bacocas mas inevitáveis comparações aos Arch Enemy. Esticam-se além disso para que o seu death metal tenha uma roupagem própria, além do melódico, do thrash – pensem naquela forma de rasgar mais à Legion of the Damned – e um zéfiro de black metal a contribuir à atmosfera e a todo o imaginário. Na sua duração cortam gorduras ao máximo e deixam as malhas respirar sem a necessidade de apontar em todas as direcções à procura da reinvenção de uma fórmula. Há muita coisa à antiga – tipo faixas escondidas! Ao tempo! – e pouca novidade.

Mas há em relação ao seu antecessor. “Reinventing Evil” plantou sementes colhidas em “O.M.E.N.” Com um corpo instrumental bem construído e destacado, é muito difícil ignorar o protagonismo de Beatriz Mariano, que ainda conseguiu fortalecer o seu gutural – e deixar mais indicativos de voz limpa a aguçar-nos a curiosidade, como na introdução – e acagaçar-nos como deve ser em malhas como “Blood on Satan’s Claw,” “Thy Blood, Thy Flesh, Thy Sacrifice” ou “Sixpounder,” tributo a Alexi Laiho, caso a referência e influência ainda não tivesse sido evidente. Um grande passo que não foi maior que as pernas e ainda tem muita coisa em aberto, como o quão experimentais e até acessíveis – há refrão aqui que só não o ficarão a cantar por não terem a goela da Beatriz! – se podem vir a tornar, se a escrita e performance enriquecer ainda mais. Um segundo álbum tranquilo mas com o devido esforço. O amadurecimento que a estreia nos prometia.

Músicas em destaque:

Death to Your Breed, Meet Me in Hell, Blood on Satan’s Claw

És capaz de gostar também de:

Legion of the Damned, BloodHunter, Children of Bodom


sobre o autor

Christopher Monteiro

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