Opeth

In Cauda Venenum
2019 | Nuclear Blast, Moderbolaget | Rock progressivo

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In Cauda Venerum” é o quarto álbum de rock progressivo dos Opeth, o que já deu tempo mais que suficiente para acalmar os melindres de que antigamente é que era, só porque Akerfeldt se fartou da injecção de death metal na fórmula antes que toda a gente acabasse por se fartar primeiro. Nunca se lhes pôde acusar de incompetência mas a mudança não encontrou um caminho no ponto logo de imediato. Desde “Heritage” que tem vindo a ser aperfeiçoado.

Do que esse álbum podia realmente ser acusado, além da óbvia “timidez” que se sente em relação aos seus seguidores, era de deixar a originalidade de lado em prol do tributo, sendo bastante competentes em replicar influentes actos do prog rock da década de 70 com toda a qualidade. Mas lá está, “soar a X” nunca foi propriamente típico destes Suecos de som tão próprio, eles mesmo imitados regularmente. Mas a identidade dos Opeth não tardaria a surgir e a atingir o seu apogeu em “Sorceress”. “In Cauda Venenum” chega com a difícil tarefa de superar esse disco, afinal ainda tinha surpresas a apresentar, muito além de dar-nos a escolher em que linguagem queremos ouvir as canções. Encontram-se os ambientes e progressões à Pink Floyd, Yes ou uns menos teatrais Genesis, o inteligente uso dos sintetizadores para a parte psicadélica e das passagens ambientais acústicas, de melodias suaves e interlúdicas a lembrar talvez uns mais obscuros Nektar ou uma folk acústica digna de resgatar a memória de uns Harmonium, e uma inteligência melódica com tanto de viciante e tão pouco de ortodoxo que faça puxar de um nome como Gentle Giant como referência.

Já pecamos. Já estávamos a enumerar influências quando isso está ultrapassado e é inconfundivelmente Opeth. A voz de Akerfeldt ainda é um piloto seguro para não nos perdermos, as fusões com hard rock e aquelas fusões de jazz e tecnicalidade – não confundir com exibicionismo – que eles trazem desde os seus primórdios e que fez de “Still Life,” “Blackwater Park” e outros irmãos mais novos tamanhos clássicos, estão cá. E por muito “70s prog” que seja, é feito com um modernismo brilhante e um peso que só podia vir de alguém que já fez fusões desta brincadeira com algo mais extremo – ora ouça-se “Charlatan”, tema mais pesadão do conjunto. Isto não é um disco revivalista. E com tanto de progressivo como de objectivo, é uma obra coesa repleta de grandes canções em conjunto e individuais, com cada riff de hard rock e cada melodia atipicamente orelhuda a actuar com precisão e a superar o antecessor “Sorceress” pela maior dificuldade em escolher favoritos. Ouçam “In Cauda Venerum” em Inglês ou em Sueco, pouco importa, a verdadeira língua é sempre Opeth, sem tirar nem pôr. Por muitas saudades que tenham dos guturais do Mikael.

Músicas em destaque:

Dignity, Lovelorn Crime, Charlatan

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Yes, Steven Wilson, Soen


sobre o autor

Christopher Monteiro

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