Orange Goblin

Science, Not Fiction
2024 | Peaceville Records | Stoner metal

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Quando uma banda atinge aquele marco dos muitos anos de carreira, já estamos logo a olhar aos altos e baixos. E ficamos tão felizes com bandas como os Orange Goblin, como os seus riffs nos fazem. Quem dera a muitos ter a consistência discográfica destes rockeiros Londrinos. Mas há na mesma algo muito surpreendente por trás do novo “Science, Not Fiction.” A sobriedade de Ben Ward. Podem apanhar os queixos do chão, os Orange Goblin sóbrios. Por vezes a saúde fala mesmo mais alto e até ficamos a saber que não eram as maluqueiras que criavam as malhas.

Facilita quando já eram uma banda tão despretensiosa. Um stoner rock/metal que tem sempre a diversão no primeiro plano. O altar de adoração aos Black Sabbath não deixa de estar lá. Aliás, haverá pouca coisa tão “Master of Reality” como “The Fire at the Centre of the Earth Is Mine” que não seja mesmo desse clássico álbum. É intencional. A cabeça a abanar o resto do disco também. Felizmente, por muito que Ben Ward pareça agora andar “a seco,” o que não seca é o poço de criatividade. Tem a mesma cólera na voz e já é tempo de, todas as manhãs, ao espelho, verificar se ainda não lhe estão a nascer um par de verrugas. Seria só mais uma Lemmy-zice sua, entre muitas. Já juntámos referências clássicas suficientes para perceber o que faz a fórmula resultar tão bem. Mas, ao décimo álbum, mais vale dizer logo que o que faz os Orange Goblin ainda brilhar hoje em dia, é o quanto soam a Orange Goblin.

Aplausos para o novo baixista Harry Armstrong. Destaca-se “(Not) Rocket Science” para uma ideia do seu fantástico trabalho. Já está a velocidade estabelecida e há-que preparar a garganta, que “False Hope Diet” é para cantar com Ward. Sim, eles repetem as melodias e voltam a repeti-las, mas é para ser mesmo assim. Estamos todos divertidos, mas não podemos baixar a guarda, que ainda se apanha um susto com “Cemetary Rats,” de introdução medonha, a abrir portas para mais uma homenagem a Motörhead, com voz quase gutural. E essas pesadotas rápidas convivem tão bem como as escapadelas mais psicadélicas, como a de “End of Transmission,” que fecha a sessão em nota mais lenta, sem parecerem parentes muito afastadas. Os Orange Goblin continuam iguais a si próprios, felizmente. E dando para Ben Ward preservar um pouco da sua saúde e integridade física.

Músicas em destaque:

The Fire at the Centre of the Earth Is Mine, (Not) Rocket Science, Cemetary Rats

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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