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Imortalidade. Em tom de brincadeira, associa-se a Ozzy Osbourne porque “já nem devia cá estar” mas aí anda, depois de uma vida bastante atribulada, que mesmo agora numa fase de fragilidade, o estabelece como alguém que nada o leva. Num tom mais sério, associa-se a Ozzy Osbourne pelo seu enorme legado, quiçá a figura mais incontornável da música pesada, acompanhando-a desde os seus primeiros passos. Mesmo que se apresente a nós como um “Ordinary Man.”
Nada haverá a acrescentar em relação a Black Sabbath, mas pode ainda sublinhar-se a brilhante carreira a solo de Ozzy, mesmo que se considere “No More Tears” de 1991 o seu último grande álbum. O anterior “Scream,” que já conta dez anos, foi um petardo surpreendente e sucedeu um “Black Rain” corajoso, cheio de experiências modernas com música industrial, groove e preocupações ambientais. “Ordinary Man” localiza-se um pouco por todo o lado, é Ozzy a revisitar-se e a manter-se moderno, sem ter que se reinventar. Os olhos tanto no passado como no presente notam-se nos convidados: Post Malone, que lhe era desconhecido quando ele próprio colaborou no seu novo disco, participa na mais profana “It’s a Raid” e o mais surpreendente, Elton John, com quem faz dueto na faixa-título. Mas como o foco será sempre Ozzy e a sua ainda inconfundível voz aos 71 anos, tudo em “Ordinary Man” soa a um “best of” de Ozzy, mas em fresco.
O seu foco é inevitavelmente introspectivo, com Ozzy a debater a sua própria mortalidade, ele próprio confuso por ainda andar cá, e fá-lo das maneiras que sempre soube, carregando na melancolia – “Ordinary Man” até assusta pelo facto de bem poder ser uma despedida, tanto da parte dele como de Elton John! – ou da forma mais sinistra, não fosse ele o “Prince of Darkness,” ou até mesmo na galhofa quando tem que ser. Se “Under the Graveyard” e “Today Is the End” até parecem trazer algo do Ozzy dos 90s, “Scary Little Green Men” já pode associar-se mais àquele louco do “Bark at the Moon” e Ozzy acaba por revisitar-se em todo o seu percurso – com certeza que o início de “Goodbye” é mesmo para fazer lembrar aquilo que vos fez lembrar. Uma dura realidade, mas não sabemos se este será o último álbum de Ozzy Osbourne. Um senhor sinónimo da música pesada, que dá voz aos clássicos pioneiros com os seus Sabbath mas que, em nome próprio, nunca assinou um mau álbum, mesmo que haja sempre ali um “Ozzmosis” ou outro mais fraquinho ou menos bem conseguido. Se é realmente o último? Não podemos saber, mas pelo menos temos uma bela obra reconhecível, bem conseguida, divertida e memorável para desfrutar de um bom ponto final, se assim for.
Straight to Hell, Ordinary Man, Under the Graveyard
Black Sabbath…