Pain

I Am
2024 | Nuclear Blast | Metal industrial

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Até o maior detractor deste devaneio do Peter Tägtgren devia ter saudades. Já fazia mesmo muito tempo desde o último álbum de Pain. O talentoso músico, ainda esporádico com os seus Hypocrisy, não tirou férias. Sempre com o trabalho de produtor a mantê-lo ocupado, pelo meio ainda teve a chance de ver as depravações do Till bem de perto com o projecto Lindemann. Portanto também se foi divertindo. Talvez essa mesma aventura o tenha lembrado o quanto ele não resiste a uma auto-indulgência industrial dançável e cá está ele. Com “I Am” anuncia-se e relembra que ele é os Pain e os Pain são ele. Sempre foi assim e sempre ficou evidente que ele quisesse agradar-se primeiramente a si próprio.

Mantém essa filosofia da mesma forma que mantém tudo. Oito anos se passaram desde “Coming Home” e assim que entra logo o riff industrializado aqui na “I Just Stopped By (To Say Goodbye)” é como se não tivesse passado tempo algum. Podia estar no anterior, como podia estar no “Cynic Paradise,” como podia estar no “Nothing Remains the Same.” O foco de Tägtgren em melodias com tanto de dançáveis como de agressivas mantém-se e é para reafirmar que Pain será sempre isto, ele monta a festa sozinho – na cabeça dele, como no já conhecido hino – e quem quiser que se junte. A maturidade bem à “Bye/Die” está bem patente numa “Not for Sale,” assinalada por um tão simpático “suck my balls” repetido ao longo da faixa. Já sabíamos para o que vínhamos. Não procura surpresas e o mais próximo disso será uma ocasional submissão maior a um synthpop de outros tempos – ele bem disse que “Go with the Flow” é a sua maneira de fazer uma música dos Depeche Mode e entendemos logo isso – ou a melancolia da faixa-título.

De resto, é Pain tal e qual como sempre, com o mesmo à-vontade para ir buscar a melodia dos versos de “Rockin’ in the Free World” para “Party in My Head,” e para sempre acrescentar aquela parte sinfónica e cinemática ao industrial mais divertido e malicioso. Lembranças das razões para ele não ser o produtor favorito de muitos e uma segunda metade do disco menos potente que a primeira também podem ser factores que enfraqueçam este “I Am.” Mas no final, é Tägtgren a não querer saber, a manter-se igual a si próprio e com tudo para agradar o fiel que acompanha este projecto desde o início. A gente junta-se à festa. Depois vai procurar alguma coisa realmente especial noutro sítio.

Músicas em destaque:

Don’t Wake the Dead, Go with the Flow, I Am

És capaz de gostar também de:

Clawfinger, Zeromancer, Lindemann


sobre o autor

Christopher Monteiro

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