Pain of Salvation

Panthers
2020 | InsideOut Music | Rock/metal progressivo

Partilha com os teus amigos

As bandas mais divertidas de ouvir são muitas vezes aquelas mais variadas e sem medos de meter de tudo um pouco na sua música. Para o bem e para o mal, se cria um som único ou só uma salganhada, pelo menos é divertido explorá-las. Não tão divertido talvez descrevê-las neste formato, quando se tenta evitar que acabemos a redigir uma receita. Entram os Pain of Salvation, banda polarizadora com a sua música progressiva profunda e aberta a tudo, a regressar com “Panther,” mais um álbum cheio de estranhezas que evitarão que passe despercebido, pelo menos.

Já não é qualquer quebrar de barreiras, quando os Pain of Salvation… Quebram barreiras, vá. Sem falhar a obrigação do álbum conceptual, – rivalidade entre espécies “cães” e “panteras,” que representem pessoas “normais” e outras mais marginais, respectivamente, abordando as suas diferenças, igualdades, conflitos internos e saúde mental – é mais um disco que explora as duas vertentes mais opostas do emocional e mais cru e pesado, explorando todo o tipo de influências que achem que se adequem, pelo meio. “Panther” será o álbum mais electrónico do catálogo dos Suecos e não trata tal com discrição, com um interessante sintetizador a dominar a curiosa “Accelerator,” boa abertura e um dos principais destaques de todo o “Panther.” E muito mais se explora, desde o verdadeiramente emocional e melancólico de “Wait” à total balbúrdia experimental e electrónica de “Restless Boy.” E sim, aquilo é um rap de Daniel Gildenlow que ouvimos na faixa-título, algo que não é novidade mas que nem todos os fãs quiçá tivessem muitas saudades, mas “Icon” também será o mais complexo e profundo clímax que já terão gravado e são paralelismos com Anathema e uma total rendição ao prog rock clássico que se ouvem em “Keen to a Fault.”

Por norma, os álbuns dos Pain of Salvation são uma compilação de altos e baixos, ou uma imprevisível viagem que, apesar de tudo, apresenta coesão na sua multicoloridade, dependendo de quem os ouve. Também variará a colocação da banda em relação à linha do pretensiosismo, se está bem controlado para não a ultrapassar, ou se algumas letras e o ego crescente de Daniel Gildenlow já os colocam bem para lá dessa linha. Banda polarizadora, como já aqui foram tratados. Mas interessantes e competentes são, sem dúvida, e “Panther” é um bom disco com a vontade e potencial para se tornar um grande disco, precisando apenas de umas audições repetidas para assimilar todas as faixas mais díspares e uma emancipação da forte competição que é o antecessor “In the Passing Light of Day.” No repertório da banda, assim como no repertório de música pesada – mesmo que o peso aqui se encontre mais em segundo plano – de 2020, é álbum ao qual voltaremos muitas vezes.

Músicas em destaque:

Accelerator, Wait, Icon

És capaz de gostar também de:

Riverside, Leprous, Haken


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos