//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Tivemos que ter boas esperanças em relação ao futuro pós-Lilith’s Revenge, de estado ainda indefinido e com a confirmação de que a vocalista Paula Teles saía mesmo da banda. O primeiro medo é dissipado: não deixamos de lhe ouvir a voz, que isso sim seria um desperdício. Confiou no próprio nome para nos dar um “Desencanto” que, afinal, até nos deixou bastante encantados.
“Desencanto” responde a questões simples. Que até já nos foram respondidas, mas fica sempre no ar quantas vezes dá para fazer o casamento entre o peso e o folclore português. Quão fácil é metalizar a melancolia de um fado? Quão embelezado ficaria um riff todo frenético se fosse essa a voz que o acompanhasse, em vez da berraria e guturais do costume? Já temos ideias mas a Paula Teles, portadora de voz que realmente tem para dar, vender e ainda sobra para esta lição, quis dar-nos um manual de como fazer isto com uma naturalidade, como se estas duas vertentes já tivessem nascido juntas. A guitarra portuguesa dá o seu primeiro sinal em “Grito” e afinal é a sinalizar o que aí vem. Convive com as guitarras distorcidas. E conseguimos prestar-lhes atenção, por muito que a voz de Paula nos hipnotize, que nisso já tem ela experiência.
Com uma atmosfera gótica – “Inocência” até traz assim uns ares nocturnos de Moonspell – que podia ser de uma tremenda banda de metal sinfónico, mas que coloca mais o folclore português em vez da parte sinfónica, acaba por ser um disco simples no que diz respeito às canções: Paula Teles também é apurada para as melodias e tem aqui sete ricos temas para ficarem permanentemente na biblioteca do nosso miolo. Sim, a fusão tão bem feita é o que mais surpreende, – o início de “Na Boca do Lobo” não indica logo o prog metal que se segue, pois não? – mesmo depois de já virmos “habituados,” mas mesmo assim ainda guarda mais surpresas como o dueto com Björn Strid, dos Soilwork. Que não vem para aqui fazer um dueto internacional de “bela e o monstro,” vem mesmo cantar no seu melhor português! É “só” um EP, mas é um tremendo álbum de estreia. É “só” meia horita, mas é uma linda experiência emocional. Que seja assim o trajecto e carreira de Paula Teles: repleta de “sós” desses.
Grito, Jogo do Silêncio, Na Boca do Lobo
Lilith’s Revenge, Moonspell, Hyubris