Pearl Jam

Dark Matter
2024 | Monkeywrench Records, Republic Records | Rock

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Crise de meia-idade é aquele temeroso termo que começa a vir à baila assim que o tempo passa e muitos dos heróis da juvenilidade de outros tempos começam a envelhecer. Uma das chaves para isso, também, é a falta de noção. A carreira dos Pearl Jam já vai avançada mas se, quer seja por fãs ou imprensa ou o que seja, há exigência de que tenham a pica de quando eram putos de vinte anos ou, mais difícil ainda, que seja 1991 outra vez, então a falta de noção não é da banda. Que parece ter bem noção da sua maturidade em “Dark Matter.

Havia uma rota fácil a tomar para que realmente se temesse essa “velhice” dos Pearl Jam. Quando prometiam as suas canções mais rápidas e uma vincada influência de punk, é daquelas situações que facilmente vemos uns “dad rockers” a fazer montanhas parir ratos. Mas não é o caso e é mesmo uma veia saliente neste disco – “Running” é a que tem mesmo esse perfil – e até fazem algumas canções mais rápidas e potentes que contornam as comparações que fazemos sempre à “Spin the Black Circle” quando aparece uma nova dessas. Apesar disso, “Dark Matter” não é álbum de uma faceta só e tem outros temas que podem ser do seu mais heartland – “Wreckage,” “Upper Hand,” Something Special” e uma sempre melancólica conclusão que aqui é “Setting Sun” – com as lições de Tom Petty bem estudadas, como já se viam os resultados no anterior disco a solo de Eddie Vedder, e sempre com aquele folk rock, não vá dar alguma coisinha ao Vedder se passar muito tempo sem se lembrarem de que ele é grande fã do Neil Young.

Têm total noção de quem são e de quem foram e de quantos clássicos (não) nos devem. É assente no presente mas ainda consegue um recuo, mas ali até ao auto-intitulado de 2006 – e olhem que até nem é mau porto onde parar – e pronto, aquele solo a culminar “Waiting for Stevie” até é muito “Alive,” portanto peguem lá um biscoito. Já se pode dar ao luxo de ser tão simples quanto é. “Dark Matter” não rocka como quem vos dá como garantidos.

Músicas em destaque:

Dark Matter, Waiting for Stevie, Running

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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