Death metal, alguém encomendou? Assim mesmo, sem bullshit, que é como se quer. Então não é preciso mandar vir de longe, temos cá os Phenocryst com a estreia em longa-duração de “Cremation Pyre,” finalmente a juntar-se a “Explosions,” EP ali tão só há três anos atrás, e a ver finalmente a conclusão da capitalização do seu potencial.

Agora é a parte em que temos que fazer a distinção entre a directa simplicidade de um death metal sem floreados e death metal genérico. Para já, em conceito, até temos que verificar se esta malta não será Açoriana, – é Lisboeta – por termos algo tão único. Se não sabiam que actividade vulcânica dava tanto azo para metal tão bruto, então apresentamos-vos os Phenocryst. Depois temos uma debitação de riffs odorosos que remontam aos clássicos, a uns Deicide de início, a uns Bolt Thrower, a uns Cryptopsy sem excessos que pudessem estorvar. Uma pitadinha melódica para não abusar e uma lama que também obriga a abrandar de vez em quando, sem subtrair peso, antes o contrário. Portanto, fãs de Autopsy, estejam atentos.

E que todo o underground português esteja atento, antes que pestanejemos e esta cuidada podridão já esteja a ser mais apreciada lá fora do que cá. Ainda queremos manter esta actividade vulcânica continental a causar potenciais estragos – aqui vamos dizer que são “dos bons,” no único campo onde isso é possível – e a ver onde mais pode uma estreia já com tanta identidade vincada evoluir ainda mais. Aqueles pormenores, aquelas subtis psicadelias, aquelas passagens e paragens que tornam isto quase progressivo, riffs enormes que podem ganhar mais dimensão e volume ainda. Afinal para quem pediu o mais simples dos discos de death metal, só para quem quer assim uma pratada para tirar a barriga de misérias, tem aqui um disco que cresce a cada audição e torna-se cada vez mais especial e distinto.