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Já está tudo inventado, não está? Por vezes o velho é novo e vice-versa. Não deve ter ficado nada para trás que não tenha tido a sua onda revivalista. E, por muito bem que lá caiam estes Suecos, os Portrait até recusam esse termo. Para eles, heavy metal é e sempre foi isto, não estão a encarnar as velhas glórias a toda a força. Até pendemos para um sobrolho franzido para com tal pretensiosismo e ali com um “o tempo continuou depois dos 80s” na ponta da língua, mas perdoamos. Porque eles fazem isto tão bem.
Já foi há mais de quinze anos que a sua estreia surpreendeu, e com este “The Host” contamos a meia dúzia de álbuns. Para quem recria o clássico, começam eles próprios a tornar-se uns clássicos. O que traz “The Host” de novo? Algumas coisas, mas a essência é a mesma: adoração à velha glória do heavy metal tradicional com uma edge mais negra, ou seja, com King Diamond como maior referência, na música e na voz, como os agudos de Per Karlsson tornam óbvio. A novidade, por acaso, é mais King Diamond ainda: um álbum verdadeiramente conceptual, com uma história contada de início até ao fim. Conceito simples de um soldado das Cruzadas a submeter-se a Satanás como único meio de salvar a amada. Assim por alto sem recorrer a muitas profundezas, já temos uma ideia e vemos logo que é algo que encaixa totalmente nos Portrait.
Musicalmente, têm que acompanhar essa jornada da melhor forma que sabem para torná-la épica. O seu heavy metal já o faz, mas não o deixam tornar-se uniforme. Nem só recriar Mercyful Fate se faz aqui, e até se recorre à lenda de King Diamond mais quando é preciso tornar as coisas mais negras. Para os épicos, não é preciso ir muito mais longe que o universo Iron Maiden – para “One Last Kiss,” despedida da amada, “Treachery,” ou a queda do próprio herói protagonista “The Passions of Sophia” – e quando querem rockar, mostram que também conhecem bem os Judas Priest e que até nem têm medo do speed metal ali de raíz, dos Metal Church ou dos Exciter. Mas nem só de referências alheias vivem os Portrait, até porque “The Host” é o seu disco mais ambicioso. Além do conceito, também se estica na duração, com uma longa hora-e-um-quarto que deixa realmente pontos menos entusiasmantes mais à vista. São os próprios Portrait a impor os seus obstáculos, procurando dar passos que não sejam maiores que as pernas. Se querem realmente seguir este caminho mais cinemático, têm todo o potencial, com algumas arestas a limar – e gordura a cortar, voltando ao tema da longa duração. E pouco importa se estamos em 2024 ou 1987.
The Blood Covenant, Treachery, The Passions of Sophia
King Diamond, In Solitude, Enforcer