Possessed

Revelations of Oblivion
2019 | Nuclear Blast | Thrash/death metal

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Nem é preciso estar a sublinhar que este é um grande acontecimento. A não ser que se esteja fora do espectro da música do peso ou se a inserção nesse mundo for apenas como o metaleiro de t-shirt de Pantera que espera pelo breakdown e se queixa da falta de metal nos festivais grandes. Então fica um breve resumo: os Possessed eram uns meninos que fizeram muito barulho quando apareceram e lançaram uma cantiga chamada “Death Metal” em 1985, numa altura em que não havia propriamente malta a tocar o dito género. Editaram dois álbuns, influenciaram todo um mundo e, após uma interrupção discográfica de 33 anos, têm um novo disco. Portanto sim, “Revelations of Oblivion” é um acontecimento.

Mas claro que traz os seus “problemas”. Não vem do nada, porque os Possessed, nas suas recentes encarnações que contam com o sempre central Jeff Becerra, andam o suficiente na estrada e a percorrer muito palco para não serem dados como mortos. E há que ver que é um novo disco após mais de trinta anos! De uma das bandas mais influentes de todo o metal extremo, o que eles criaram e influenciaram já está mais que remexido para este novo álbum ter sequer uma gota da influência e impacto que “Seven Churches” teve em 1985. Só tem que dar gozo, uma boa performance, boas malhas e já nos damos satisfeitos por estar a viver este acontecimento. Felizmente, já com nada a inventar e a seguir as suas próprias influências – e até a de actos influenciados por eles – sai uma bela descarga competente de malhas que representam aquela ponte entre o thrash e o death metal, como se estivéssemos na década de 80, sem ter mesmo que soar a isso mesmo ou a algo datado.

Existem melodias das rudes, das que dá para acompanhar a berraria perceptível de Becerra, como em “Demon” ou “Shadowcult,” umas malhas que podiam ser clássicos do thrash se já as tivessem feito no seu tempo, como “Omen” e “Graven” e até alguns verdadeiros throwbacks às suas raízes, como “Ritual.” Há uma boa mistura – numa arriscada longa duração para uma banda que fazia tudo e muito bem em cerca de meia hora – de razões para estarmos satisfeitos com o regresso e uma performance de um Becerra suficiente para nos impressionar, com uma descarga de energia que não deixa qualquer desinformado adivinhar que o homem está preso a uma cadeira de rodas. É perfeito e é mais um clássico? Claro que não. Mas é demasiado injusto usar aqueles que serão dos discos mais influentes de todo o metal extremo como comparação. Já não estamos em 1985. Estamos em 2019 e há um novo disco de Possessed, após mais de trinta anos, que até está um respeitável petardo. E o valor que isso tem!

Músicas em destaque:

Demon, Ritual, Graven

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Venom, Testament, Slayer


sobre o autor

Christopher Monteiro

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