Queens of the Stone Age

In Times New Roman...
2023 | Matador Records | Rock

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Vilanizado, envolto num seio familiar muito conturbado, atormentado por perdas e até a própria saúde pregou um susto a Josh Homme, que não tem tido uns anos fáceis. Haverá ali alguma secção do cérebro, a que nos faz sugestões de coisas doentias que nunca faríamos, que encontra felicidade nisso porque essa escuridão toda podia traduzir-se num grande disco dos Queens of the Stone Age. “In Times New Roman…” na verdade até é muito simples.

Fala-se de uma banda que já fez experiências com a sua sonoridade – quem é que ainda dança com o “Villains” por aí? – e que também tem absolutamente nada a provar. Isso de fazer dos melhores álbuns da sua década não precisa de ser feito em todas. Se não partimos para a estrada no deserto, acompanhados apenas pelo rádio, como no mítico “Songs for the Deaf,” em “In Times New Roman…” partimos para uma viagem mais introspectiva com a companhia de todo o repertório dos Queens of the Stone Age, o seu rock gingão e provocador de marca própria. O stoner mais pesado até pode continuar no banco de trás mas o esgar maroto de alguns temas como “Obscenery” ou “What the Peephole Say” até traz “Lullabies to Paralyze” à mente. Mas não tem que ser uma viagem nostálgica.

O colectivo de Josh Homme permanece assente no presente, recuperando apenas alguma da crueza que tivesse ficado de lado nos últimos registos. Há alguma da “sleaze” do “Era Vulgaris” ao longo de todo o disco, – e a “Sicily” até que podia estar lá – uma inocência na escrita de algumas das canções como nos velhos tempos iniciais, – e é a partir disso mesmo que até puxam uma ambiciosa “Straight Jacket Fitting” – e uma melancolia que só podia vir de alguém que já tenha feito um maduro “...Like Clockwork” sem deixar todo o rock sensualão e bem-humorado que sempre os caracterizou. Seja em que fonte de letra seja, “In Times New Roman…” é indiscutivelmente Queens of the Stone Age e não deixa que alguém se esqueça que estes não são gajos de escrever más canções ou fazer música medíocre.

Músicas em destaque:

Paper Machete, What the Peephole Say, Emotion Sickness

És capaz de gostar também de:

Eagles of Death Metal, Them Crooked Vultures, Mondo Generator


sobre o autor

Christopher Monteiro

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