Septicflesh

Modern Primitive
2022 | Nuclear Blast | Death metal sinfónico

Partilha com os teus amigos

Para não causar tanta sarna com o termo “metal sinfónico” ao colocar uma parte extrema de respeito, cá estão novamente os Septicflesh com “Modern Primitive” após cinco anos de espera. Se calhar era de algo assim tão grandioso, mesmo que num sentido mais negro e apocalíptico, que precisávamos. Ou se calhar só precisávamos mesmo de um novo disco dos Septicflesh.

Não há qualquer redução na parte sinfónica, nem sequer nos açucares que realmente elevam esta música, que podia ser só pesadona, para outros patamares. Estes Gregos são verdadeiramente épicos, sem poupanças, algo a que parecem ser propícios muitos oriundos de terras lá do berço da democracia, já que é “acusação” que também podemos fazer, por exemplo, aos Rotting Christ. Mas esta especialidade, esta quase exacerbação sinfónica é muito deles. A atmosfera cinemática que criam é deles. Querem que se lembrem que este death metal sinfónico é só deles. Mas não é só isso que querem que se lembrem. “Modern Primitive” é um álbum breve, directo e intenso. Tinham por onde engonhar a toda a força, mas preferem dar foco à canção. Comparando a outros, pode dizer-se que tenham menos folhinhos e floreados do que os Fleshgod Apocalypse – e não é só nas fatiotas, na música também. Ou seja, os Septicflesh querem que nos lembremos destas malhas depois de as ouvirmos.

De resto, na forma como encaramos um álbum como “Modern Primitive,” há outras coisas de que nos temos que lembrar nós. Como, por exemplo, que uma obra-prima de assinatura como foi “Communion,” um dos grandes álbuns de metal extremo moderno deste século, já está feito e não deve nascer agora outro que o venha superar, de repente. Isso para não estranharmos a falta de novidades e partirmos para uma escuta bem mais à procura daquilo que já conhecemos e queremos dos Septicflesh. Os riffs, tão chug quanto eles consigam ser, não perdem a força e são demolidores. Tomamos já em conta os efeitos que fazem ao pescoço numa “A Desert Throne” ou “Psychohistory.” Queremos uma secção orquestral cinemática bem lá para cima e todos os temas estão bem besuntadinhos e destaquemos já uma “Coming Storm” como campeã neste alinhamento e como a melhor banda sonora do filme mais negro e perturbador que a Disney ainda não tenha feito. E queremos mais uma impecável dualidade vocal entre a grunhideira de Seth Siron Anton e a fantástica voz limpa de Sotiris Anunnaki V. E as performances estão bem no ponto. Portanto não falta nada. Já vão mais de umas boas três décadas de carreira, quase metade disso desde o seu “magnum opus” e uma reinvenção desde os negros tempos góticos de um doom das trevas já feita. Fica só mais um óptimo disco neste “Modern Primitive” que mostra que o tal metal sinfónico não é a praga que outros fazem parecer.

Músicas em destaque:

Neuromancer, Coming Storm, A Desert Throne

És capaz de gostar também de:

Fleshgod Apocalypse, Carach Angren, Ex Deo


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos