Serrabulho

Piss & Love
2024 | Rotten Roll Rex | Deathgrind, "Partygrind"

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Temos serrabulhada. Ou seja, temos borga, baião, parranda. Temos humor escatológico para fazermos de conta que somos demasiado intelectuais para ele durante os primeiros segundos e temos nalgas para aquecer numa colisão na infame Ass of Death. Temos disco novo dos mais loucos do nosso grind, que já o souberam levar lá para fora, e que até parece que tem demasiada qualidade para a parvoíce que devia reinar nisto. “Piss & Love,” não é isso que está sempre a desejar-nos o bom velho Ringo Starr? Ou há aqui uma mudança na grafia para ser bem mais à Serrabulho?

Sugere que estamos à volta de um dejecto diferente, que sai por outra via. “Rest in Piss,” “Piss or Love,” “Break for Pee,” – hilariantes sugestões de sítios onde se aliviar – “I Pissed a Girl and I Liked It” ou “Pissachu” sugerem que estamos perante um épico álbum conceptual que nem aos Ayreon ocorreria. Mas calma, ainda não é despojo exclusivo. “Erosvision” recebe-nos com a orquestra do costume e há muito disso pelo meio do sonho molhado, daquele que nos faz acordar estremunhados a meio de um escape urinário que nos deixa nas dúvidas do que era real e do que era sonho. Um sonho, meio febril, até é uma boa forma de descrever a música dos Serrabulho, a expandir cada vez mais horizontes, a descobrir novas maluqueiras. Com o grind lá sempre. Alegre como tudo. E com uma proposta musical diferente, que esta brincadeira afinal até é bastante séria.

I Pissed a Girl and I Liked It” é um exemplo de uma grindalhada mais directa, que mais podia estar no “Ass Troubles” ou no “Star Whores,” e nem essa deixa de lhe meter outras influências divertidas pelo meio. Difere de “Porntugal,” não recorrendo a pauliteiros de Miranda, mas tendo na mesma uma presença mais subtil do nosso bom folclore português. Arranja-se sempre coisas menos ortodoxas para misturar com o cagaçal todo e a voz alternará sempre entre os já reconhecíveis rugidos e aqueles falsetes cartoonescos. Não falta o fecho com arraial completo com techno, folclore e até samples dos Simpsons e a “Careless Whisper.” E flatulência. Tanta flatulência. Não conseguimos nós uma alimentação que cause semelhante. São os Serrabulho iguais a si próprios e a mostrar que não é só a bexiga que está cheia, o poço da criatividade também. Sim, esta loucura é do mais criativo que há por cá. Ah, e esqueçam a banda alternativa em português do vosso colega de liceu que tocava guitarra nos intervalos. O maior e melhor tributo aos Ornatos Violeta que ouvirão está aqui em “E Pudesse Eu Cagar de Outra Forma.” Só uma dica entre muitas.

Músicas em destaque:

Grind e Grosso, I Pissed a Girl and She Liked It, Pissachu

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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