Severe Torture

Torn from the Jaws of Death
2024 | Season of Mist | Brutal death metal

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Um regresso daqueles, e que se calhar nem estava no “bingo card” de muitos. Uma amostra com um EP em 2022 e afinal não se ficaram por aí. “Torn from the Jaws of Death” é o tão simpático título de um disco que volta a trazer os Severe Torture para o topo das nossas opções quando queremos abrutalhar as coisas com riffs e deixar tudo num alvoroço. Já lá iam catorze anos desde “Slaughtered” mas como ainda devíamos estar a limpar o sangue e as tripas que esse, e os clássicos que o antecederam, deixaram espalhados por todo o lado, é porque o impacto não foi fraco.

Porém, estes Holandeses nunca constaram propriamente entre os campeões do género. Brutal death metal violento, blasfémico quando quer e para usar o cartão da referência Deicide, e sem travões instalados no sistema. Mas sempre foram fiáveis. Consistentes e com suficientes clássicos – subvalorizados que ainda sejam na cena – para anteciparmos, com boa expectativa, o grande regresso. Mas sabem o que eles inventaram ou inovaram, verdadeiramente, nos seus tempos de glória? Absolutamente nada. Então já devem adivinhar o que vêm acrescentar no regresso. Exactamente o mesmo. Mas fica a questão pertinente: queriam o quê, afinal? Alguma coisa diferente não podia ser, e um panorama de música deste peso mais polida, mais desnecessariamente técnica, mais insipidamente melódica, podia sugerir que ia converter mais uns, – o selo Season of Mist não é novo mas ainda pode preocupar alguns – mas afinal o chiqueiro de carnificina que ficou no final de “Torn from the Jaws of Death” é o mesmo de sempre.

Regressa para fazer o que tinha a fazer, é o melhor que se pode dizer. Que é debitar riffs até o pescoço se queixar que já não dá para mais. A voz gutural de Dennis Schreurs está tão ou mais assustadora que nunca, e Patrick Boleij faz o seu baixo ouvir-se e bem – sem o virtuosismo de uns Disharmonic Orchestra ou o groove de um “The Bleeding,” mas ajuda bastante ao barulho. Sabe controlar-se, que bem sabemos o quão fácil é perder-se aqui com vinte riffs por faixa e em solos virtuosos, mas contêm tudo para conseguir ser memorável e até melódico – ainda sem cometer o sacrilégio de serem melodeath e sem a maldade de uns Exhumed – num disco inteligentemente breve para querermos voltar a rodá-lo, logo a seguir, ainda sem ter fartado do basqueiro todo que para aqui vai. Mais regressos assim, sem inventar muito, precisam-se.

Músicas em destaque:

Marked by Blood and Darkness, Christ Immersion, The Pinnacle of Suffering

És capaz de gostar também de:

Sinister, Vomitory, Deicide


sobre o autor

Christopher Monteiro

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