Sightless Pit

Grave of a Dog
2020 | Thrill Jockey Records | Power electronics, Industrial, Noise, Grindcore

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Sightless Pit é um nome novo na cena mas os seus integrantes não, nem do público e muito menos uns dos outros. Passemos às apresentações para abrir: Kristin Hayter (Lingua Ignota), Dylan Walker (Full of Hell) e Lee Buford (The Body). Como apenas a enumeração dos membros do projecto já diz tanto sobre como soa “Grave of a Dog,” o álbum de estreia.

As três bandas/projectos dos membros dos Sightless Pit são perfeitamente detectáveis no monstro sonoro que é “Grave of a Dog.” Se até dá para considerar qualquer destes medonhos temas como algo que pudesse fazer parte de um disco assinado pelos nomes supracitados, também há a “falta” de alguns factores que os retire de lá: falta a parte clássica para ser Lingua Ignota, não há riffalhada descontrolada que pertença a Full of Hell e não é The Body sem a guinchadeira desenfreada do costume. “Love Is Dead, All Love Is Dead” é o tema que mais soa a algo que pudesse estar no “Caligula” mas de resto, Sightless Pit faz as suas três entidades, que já tantas vezes trabalharam juntas, encontrar-se num escuro, ruidoso e enevoado centro que lhe dá uma sonoridade própria.

Como três das propostas mais interessantes na actual música extrema, desafiam-se a fazer da música mais pesada e extrema sem recorrer a guitarras ou sequer a baterias, deixando batidas industriais, samples e muito noise tomar conta da nossa saúde enquanto sobrevivemos a estas dilacerantes e, no entanto, belas composições. A voz de Hayter, tal como quando actua com o nome Lingua Ignota, tem tudo de aterrorizador no quão bem embala e aqui domina também com coros assombrosos – logo “Kingscorpse” de início. Esse lado mais “limpo” vem sempre com a berraria de Walker atrás, um grindcore preso na densidade ruidosa das batidas industriais que Buford vai controlando e descontrolando, – “Drunk on Marrow” ou “Miles of Chain” nem pedem licença – para que o resultado final seja um paredão sonoro, difícil de classificar, uma viagem a pé por aquela estrada escura e rodeada de mato para a qual tanto alertamos às personagens dos filmes de terror para não seguirem. Mas para esta, lá vamos nós…

Músicas em destaque:

Kingscorpse, Violent Rain, Love Is Dead All Love Is Dead

És capaz de gostar também de:

Os óbvios Lingua Ignota, Full of Hell, The Body. Mas também Pharmakon, Whitehouse, Gnaw Their Tongues


sobre o autor

Christopher Monteiro

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