Slash

Orgy of the Damned
2024 | Gibson Records | Blues, Rock

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Pelo meio de muita coisa e de congelar o inferno com certas reuniões de bandas, Slash lá arranjou tempo para mais um trabalho em nome próprio. É o sexto álbum desta vida de Slash em nome próprio, mas é oficialmente o seu segundo verdadeiramente a solo, o sucessor da sua experiência auto-intitulada de 2010, com a colaboração com Myles Kennedy and the Conspirators a tornar-se já a sua própria banda. O estilo é completamente diferente, mas tem algumas semelhanças àquela estreia.

Ou seja, “Orgy of the Damned” volta a ser um “quem é quem” de convidados de luxo que dão voz aos temas. Só grandes nomes. Quase a mandá-lo para o segundo plano ou a tentar distrair de uma possível longa duração maçadora, que é o que pode causar alguma dúvida antes de ouvirmos. Outro ponto de interesse – ou distracção – é que também os temas são conhecidos. Slash usa este veículo para prestar adoração aos clássicos dos blues e por acaso faz-se acompanhar por grandes nomes, uns mais prováveis do que outros, para o fazer. Para o voltar a fazer. Que isto dá seguimento a uma antiga experiência pós-Guns N’ Roses à qual ele deu o nome de Slash’s Blues Ball. É, o nome era esse. É um castiço, ele. Mas é pertinente recordar essa banda, já que Slash foi recrutar músicos desse alinhamento para o ajudar a prestar nova homenagem a clássicos de nomes como Howlin’ Wolf, Robert Johnson, Fleetwood Mac, T-Bone Walker, Muddy Waters, até Stevie Wonder, entre muitos outros.

E há os convidados, os que vêm pintar entre as linhas. Há coisas que se fazem sozinhas, como “The Pusher” com Chris Robinson, que este poderia ter feito com os seus Black Crowes; traz Beth Hart para o território familiar de “Stormy Monday,” assim como entrega a missão de dar voz à incontornável “Hoochie Coochie Man” a Billy Gibbons. Não deixa de haver surpresas como Demi Lovato em “Papa Was a Rolling Stone,” que não vem para ser a Fergie deste elenco e até tem uma óptima prestação num destaque de todo o álbum, e o bom e velho Brian Johnson a poder, finalmente, dar uso à sua voz de blues para “Killing Floor,” que também conta com um discreto Steven Tyler na harmónica. Fica o tipo de álbum que imaginamos que tenha sido feito por um Slash de sorriso estampado, ao estar tão rodeado de boa gente e a prestar tributo a boa música com a qual cresceu. Ou seja, qualquer ponto mais baixo e esquecível, qualquer arrastamento que se possa dar num trabalho tão longo e qualquer desinteresse que cause a quem o quer a solar em baladas de hard rock, é compensado pelo facto de que esta “Orgy of the Damned” foi feita para si próprio. Nós, os restantes, ainda temos cá umas coisas para aproveitar.

Músicas em destaque:

Hoochie Coochie Man, Killing Floor, Stormy Monday

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Muitos dos convidados, até os mais contemporâneos como The Black Crowes, Gary Clark Jr. ou Beth Hart


sobre o autor

Christopher Monteiro

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