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Continua a ser tramada esta brincadeira dos supergrupos, se é que o termo ainda não é um palavrão tabu. Cada vez mais a junção de músicos conhecidos de casas diferentes passa meramente por ser uma exposição pouco coesa de talentos individuais ou simplesmente alguma montanha a parir um rato. “Psychotic Symphony” foi o disco que expôs os Sons of Apollo aos aficionados do metal progressivo e que tem agora “MMXX” como sucessor, a ver se lima algumas arestas.
O plantel? Mike Portnoy, ex-Dream Theater e Adrenaline Mob, na bateria, é a cara mais reconhecível que dispensa qualquer apresentação. Juntam-se a ele Derek Sherinian, teclista e também ele ex-Dream Theater; canta Jeff Scott Soto, que já deu brevemente voz aos Journey; Guitarra entregue a Bumblefoot, que ocupou esse posto nos Guns N’ Roses antes da célebre reunião e que agora encontrou novo lar nos Asia; Billy Sheehan dos Mr. Big, e com uma data de trabalhos mais, inclusive com Steve Vai ou David Lee Roth, no baixo. Já sabemos que a quantidade de talento que existe nos Sons of Apollo chega ao ridículo. E se analisarmos a performance individual de cada músico, sabemos que indubitavelmente brilham. Mas se analisarmos os temas em si e o disco, a coisa já fica um pouco mais opaca. Com dois membros dos Dream Theater como figuras tão centrais, as comparações são inevitáveis e há descrições do tipo “Dream Theater a tocar X” suficientes para encher um chapéu e sortear. E é mesmo por lá que se anda. Não deixa de soar a Dream Theater, um pouco mais açucarado por hard rock clássico, mas com uns riffs também a pender para o peso mais extremo dos Meshuggah, quando acham que é caso disso.
Com isso parecem carregar uma certa obrigação em prolongar temas, sempre com aquele mandatório espaço para o exibicionismo individual, mas que fazem com que as canções estejam mais a arrastar-se do que a construir-se. Acaba por resultar melhor nos temas mais curtos, com um respeitável sentido melódico bem herdado da parte hard rock da equação. Há sempre um bom riff forte atractivo, um solo estonteante de guitarra ou teclados, uma enriquecedora adição clássica, mas espalham-se por aí e “MMXX” fica como um disco que tem mais boas passagens do que boas canções, com os quinze minutos de “New World Today” a não evitar uma recepção mista. “King of Delusion” será um dos temas em que tudo melhor funciona no todo, como uma das faixas mais sólidas e “Resurrection Day” então é que é mesmo para o deboche individual de cada músico. “MMXX” é disco para agradar muito fanático do metal progressivo mais clássico e o que não falta é boa música no álbum. Mas sentem-se muito os sintomas do vírus “supergrupo”. E todo o talento do mundo nem sempre traz coisas com a devida alma e solidez.
Wither to Black, Asphyxiation, King of Delusion
Dream Theater, Yngwie Malmsteen, Threshold