A verdadeira conquista de terreno por parte dos Feirenses Soul of Anubis pode começar verdadeiramente agora com “The Last Journey,” mesmo que o trio vá já somando uns anos de experiência e estrada, com um longa-duração e um EP na bagagem. E até se pode bem dizer que a promissora fórmula tenha sido derradeiramente aperfeiçoada aqui.

Com as lições de High on Fire, dos primeiros tempos de Mastodon e até Neurosis bem estudadas, já debitam riffs de sludge e inegável peso por estes oito temas fora, a definir a sua identidade. Com o devido cuidado em limar as arestas notáveis do antecessor “The Monster Among Us”, – em especial a produção que podia fazer esse disco pecar por soar a uma demo – também se debruça e foca na escrita de canções para que a viagem não seja uma mera sequência de abanares de cabeça, sem que algo muito concreto se retenha no final. É para isso que está lá um factor melódico de muito bom gosto, uma garra de hardcore que se transmite além da raivosa garganta de Hugo Ferrão, um leque de influências subtis e, claro, o foco não deixa de estar no riff e existem aqui uns com “R” maiúsculo que se tornam o centro e núcleo das canções – e aquele final da faixa-título é impecável e perfeito para fechar um disco e um concerto.

Sem se agarrar ao arrastado e lento, – a sequência de faixas “Embodied Chaos”, “Purge the World” e “The King” são feitas com o acelerador no fundo – sabe como mexer e remodelar as suas influências stoner e sludge, incluindo as conterrâneas e vizinhas, sem entrar por uma obscura catarse de uns Redemptus e com bem mais negrume que a descontracção roqueira dos actualmente inactivos As They Come – e os já saudosos EAK são malta conhecida. Não reinventa a roda nem apresenta intenções disso. “The Last Journey” é um largo passo em relação ao longa-duração de estreia e tem ainda imenso espaço de manobra para crescer mais e mais.