E parece que há mais. De algo tão delicado como Static-X sem Static. Desde a morte prematura de Wayne Static que se tornou um tabu a continuação da banda sem a sua figura mais central. O propósito era prestar tributo, continuar a banda em sua honra. E dá para fazer, com o seu devido cuidado. O primeiro volume de “Project Regeneration” encontrou sucesso e agora mantém-se o cepticismo sobre a necessidade de um “Vol. 2.”

Tal como o primeiro volume, é um disco muito cuidadoso ao tratar o legado da banda e acrescentar-lhe algo novo. Sabem que os fãs estão a colocar tudo à prova. Portanto a novidade e a inovação têm que passar para o banco do trás, se é que apanham a boleia sequer. Aqui quer-se familiaridade e é assombrosa logo em “Stay Alive.” No bom sentido. É a ressurreição de Wayne Static. Não através de uma imitação genial mas usufruindo de gravações deixadas pelo próprio, intercaladas com prestações do novo Xer0. Tal como no primeiro volume. É com Static na voz que tudo é mais Static-X, mas o resto também não se confunde. E a “máscara” não é entregue a nenhum amador, Xer0 é interpretado por Edsel Dope, líder da banda que terá das carreiras mais paralelas aos Static-X, os Dope.

Tudo aqui é throwback. Até a capa é a coisa mais 2000 que podiam arranjar. Com aquela sua edge mais característica que, num panorama industrial ligado ao nu metal, tem bem mais peso que uns Orgy ou uns Filter, há uma “Jic Boi” a soar a Mudvayne ou Coal Chamber, em modo industrializado. E isso é um elogio. E até a “Tone” encomendada aos Korn é fácil de perdoar. Riffs de agradar a fãs de Fear Factory, – e Static-X, claro – aquela energia hiperactiva que faz com que o refrão de “Kamikaze” só possa realmente ser dos Static-X, e brincadeiras melódicas como “No Hope” ou a pesadona “Run for Your Life,” continuam inconfundivelmente Static-X, essa amálgama de cyber metal dançável e potente. Ajuda a presença de Wayne, mas parece que a outra parte – a X? – dos Static-X também sucede em manter o legado vivo e também faz muito parte da identidade da banda – e é de relembrar que esta formação é constituída por membros originais retornados. “Project Regeneration, Vol. 2” volta a suceder em respeitar o legado, em dar-nos novidades com propósito e qualidade e em deixar-nos contentes. E igualmente reticentes se existir um “Vol. 3” na gaveta, mas isso nunca será evitável.